Arquivo do blog

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Testemunha de Mim


Algo agrestes
Têm sido estes dias
As noites violeta
Azul e cinza
Mas no meio de tudo isto
Eu procuro e sintonizo
Tentando assim equilibrar
O que eu a mim mesmo
Na orla da neblina me explico

Deambulando
Na textura
Por vezes rugosa
Dos meus pensamentos
Surpreendo-me a cair
Inadvertidamente
No precipício
Escarpado da dúvida

Pois
Humanos
Frágeis
Maleáveis e imperfeitos
Existimos
Mas no respeito congrego
Ideais conciliados pelo perfume
Destilado
Na profundidade dos areais
Onde perduram
Corais de sentimento
Refinado

Na drenagem
Das salinas
Do sal e do medo
Prova-se o sabor da lágrima
Que se colhe
Na curva do rosto
Com a mão
Ou com o dedo

Testemunha de mim
Compassivamente observo
Somos dois e não um
Distancio-me
Das sequências da emoção
Protegendo-me da dor
Que trás a marca da chaga
Da cicatriz
No coração e na mão
Testemunha sim
No roteiro
Do diálogo incomum
Entre o eu
E o outro eu de mim

Nestas voltas da vida
Que nos deixam
No acto do trapézio
Assim
Adoraria inspirar
O cheiro intenso
A iodo do mar

Na certeza brutal

De não haver

Nenhuma
Interrogação
Em mim

Flutuando na
Inodora leveza

Da imensidão
Do ar ….