Arquivo do blog

sábado, 15 de novembro de 2008

Passageiro do Tempo

Observo este homem sempre
Distanciado das normas
Que edificam e classificam
As manobras
Delineadas pelas simulações
Das estratégias globais


Chamo-lhe
O Passageiro do Tempo
Pois desde cedo
Perdeu o significado
E o afecto
Pelas suas raízes
Extorquido do seu
Espaço berço
Jamais
Afectivamente se ligou
A qualquer outro lugar


Não vive os lugares
Por onde passa
Somente passa
É um passageiro do tempo
Sente o cronómetro estalar
Para num qualquer dia
A contagem
Simplesmente parar



Há muito que deixou
De acreditar
Na “verdade” dos homens
Pois sabe que ela é manipulada
Pela convergência e tendência
Entre o egocentrismo
E metamorfose que eclode
No pântano do egoísmo


Distancia-se
Do império social e global
Da corrupção no gesto do favor
E do abraço simulado
Que bate no peito
Pois certamente
Na curva da história
Ele sabe que
A factura sempre se cobra
De qualquer jeito


Passageiro do Tempo
Homem estranho este
Cada vez mais
Distante e solitário
Pressente as intempéries
E trovoadas que se aproximam
Permanece assim observando
Decifrando os planos
Que se apresentam no mostruário


Quando olha o caminho
Que serpenteia
No encontro fatal com o futuro
Não sabe o que dizer
Pára
Espera
E embrulha o momento
No lenço do seu silencio


Passageiro do Tempo
A luz da sua juventude
Já não é mais a mesma
E ele conhece o peso
Da sua armadura
Mas mesmo assim
Longe
Distante
Ele pega na espada
E sente o arrepio
Da sua textura


O cronómetro
Continua marcando
Num ritual de ciclos
Que na sua Vida
Se vão abrindo e fechando
Mas ele permanece
Igual a si mesmo
Nunca se deixando converter
À doutrina inspirada
Pelo manancial dos gulosos




Como Eu

Compreendo


Esse


Homem ……