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terça-feira, 26 de outubro de 2010

No Vácuo das Monções ....







É como se eu estivesse
No parapeito do muro
Que envolve o miradouro
Da encruzilhada dos tempos


É como se
Cada capítulo
Já fosse previsível
Nos meandros
Dos meus pensamentos



Será este um dom
Ou será este o preço
De quem sem saber
Orbita no vácuo das monções
Toca as extremidades das estações
E sente uma afinidade particular
No universo aleatório das colorações



Mas na verdade
É todo o caminho
Que define o processo
É todo o achado precioso
Na poeira
Do velho pergaminho
Que está a necessidade
Do avanço e do retrocesso



É como se o trapezista
Soubesse
Que a distancia do chão
É grande
Que a concentração se faz
Na capacidade
Do olhar distante
E no ímpeto
Que lentamente emerge
Em cada instante



Tudo vozes
Ecos projectados no espaço
Imagens definidas




Que se enrolam entre si





Tomando formas de um laço …..














quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Esplendor da Essência ...







Quando os humanos
São verdadeiramente humanos
Quando os Seres são verdadeiros
Nas palavras
Nos actos e nos dizeres


Quando os homens
Reconhecem
O lado verdadeiro da Vida
Quando as pessoas
Se confrontam
Com os abismos e as vertigens
Sem medida


Quando o esplendor
Da essência
Transborda na borda do copo
Quando a emoção
Entrava a garganta
Quando a lágrima insolente
Escorre na face de alguém
Que pelos outros Agradece e sente


Quando se vê a determinação
Em prol do resgate do outro
Quando se vê a energia
A Fé e a Alegria
Quando o Milagre
É noite
É dia
Quando o sonho desejado
É a realidade
Enfeitada de fantasia


Quando me orgulho
De Alguém
Que nunca vi
Que não conheço


É porque na verdade

Aquela gente


Me fez Acreditar
Em algo


Que desde há muito


Eu não sentia ....














domingo, 10 de outubro de 2010

Desvendando Estes Tempos ...






No desvendar destes tempos
Desvendo também
Outros lugares desconhecidos
Que habitam neste circulo
Como de um regresso se tratasse
À partilha genuína
Aos momentos
Quase esquecidos do Amor



Chega dos meus tormentos
Chega desses amargos momentos
Em que só eu sei
A cor do meu sangue
Nas suas várias tonalidades e pigmentos



Julgo que é possível
Continuar
Sim continuar algo
Que sempre considerei único
E inesquecível



Nos claustros
Nas torres
Nos degraus
Onde observo as estalagmites
Não tem sido fácil



Não
Não tem sido fácil
Exterminar os fantasmas
Criar os anticorpos
Proceder à regeneração
Revogar os conceitos
Destituir enraizados pensamentos
Desistir de padrões
Segurar ferozmente
As mais importantes Reflexões
E corajosamente manter
Os mais distintos e valorosos Ensinamentos



O que posso dizer
Perante tudo isto ?



Nada

Absolutamente nada

Remeter-me ao Silencio

E não dizer nada



E nas horas do silencio profundo

Nas horas em que se faz noite
Em cada canto do mundo


Aos poucos

Descobrir que existe mais Caminho


Mais Essência


Para no Conhecimento e na Descoberta


Continuar a desenrolar o pergaminho




E ir cada vez mais



Ainda mais fundo …..












domingo, 3 de outubro de 2010

Este Silencio ....






Este silencio
Que vale mais
Que todas as frases
Que sobrepõe-se
A todos os pensamentos esculpidos
A todos os travos amargos
A todos os actos declarados
E a que todos os desejos inibidos


Este silencio
Que traduz os voos esquecidos
Que se exprime
Em dialecto desconhecido
E que é o eco contido
De algo profundo
Que perde o seu sentido


Este silencio
Que é fruto de tantas coisas
Antigas viagens
Vertiginosas romagens
Auto-estradas
Rápidas e sinuosas
Para as mais elevadas paisagens


Este silencio
Que representa o fio quebrado
A circunferência
Das vontades e dos sonhos
Que se transformam
Cada vez mais
Num deserto árido
Cada vez menos resguardado



Este silencio
Este cansaço de tudo


Esta nave
Esta carruagem
Este passageiro clandestino
Que habita
Um corpo conturbado


Esta voz surda
Esta saturação
Que por vezes excede
Todas as componentes da razão


Esta estrada
Prematuramente cansada



Esta colheita

Que nas mãos


Parece



Já não deixar nada …..