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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Valeu ... 2009 !!!







As palavras
Não conseguem
Fazer o retrato
De um conjunto
De fotogramas imenso
Imagens e películas
Do que foi este incrível
Ano de 2009


As palavras
Não conseguem revelar
A genuína expressão
Da intensa
E global revelação
Com que aconteceu
Este sinuoso Ano de 2009



Nas condicionantes intrínsecas
Nesta forma de expressão
São neste contexto
As Palavras
A única condutora
Substancia semi -matéria
Que servem
Alimentam e contornam
O núcleo central
E a linha periférica
De um conjunto de factos
Que fizeram acontecer
O manancial de experiencias
Deste Ano de 2009



Na escalada desta escarpa
Nos avanços e nos recuos
Nos elementos
Nas intempéries
Nas dores
Nas alegrias
Nas lágrimas
Nos sorrisos
Nos segmentos e nas várias séries
Novos ciclos se iniciaram
Novas etapas eclodiram
Fazendo desta tramitação
Um frutuoso Ano de 2009



Este foi um Ano
Em que mudei
O presente do meu futuro
Venci batalhas decisivas
Perante conjecturas estagnadas
De situações injustas
Ocas e evasivas



Mas continuo observando
As cores e os tons do brilho
Neste revelador caminho
Especialmente neste trilho
Consciente
Mais do que nunca
De que
O que vale é o presente
Impregnado de Amor
Afectos e emoção
Intensidade
Osmose
Equilibrio
Sensibilidade e inteligência
Análise
Distanciamento
Coerência e determinação
Que protegem
Fortalecem e iluminam
O Corpo e o Espírito
A Alma
E a estruturação da Mente



Neste ano de 2009
Mais do que nunca reconheci
Como tudo é
Magma viscoso
Por vezes fluido e relativo
Tudo é elemento reactivo
E que apesar dos enfeites
Das cores e das molduras
Nada é definitivo


Por toda essa imensidão
Por toda essa aquisição

Por toda essa
Experiência e catalização

Ampla motivadora de
Tão necessária observação


Eu Agradeço a este Ano de 2009
Por Tudo o que vivi



Do fundo


Do Meu Coração ….
















sábado, 26 de dezembro de 2009

Kairos ... é o meu sangue ...







A minha centelha racional
Impele-me à aceitação
Ao alinhamento
E à submissão
Perante o poder de um ditador
Cujo nome é Cronos


Neste instinto meu
De sobrevivência
Reconheço a precariedade
Da minha independência
Pois o nível de qualidade
Da habitual comodidade
Dos padrões enraizados
Com que é envolta a ilha
Torna isto
Sequencia natural
Perante esta imposta
Cronos ditadura
À minha dependência


Não sou só eu não
Pois o globo gira
O poderoso dá e tira
O opositor conspira
O especulador tece
A próxima mentira
A economia vacila
O trabalhador hoje
Mais do que nunca
Vive
Debaixo da mira
A multinacional
Na desculpa dos custos
Se retira
E tudo isto acontece
Porque
Cronos
É rei e senhor
Impiedoso
Mão de ferro
Omnipresente ditador
Impulsionador invisível
De toda esta ira




Mas aqui
Distante do exterior
Dentro do perímetro da ilha
Kairos é o meu sangue
Kairos é o meu vinho
Kairos é o meu espaço
Pois é com ele que
Predisponho-me à descoberta
Ao questionamento
À interrogação
À contemplação
Ao deslumbramento
À exposição dos indicadores
Negociadores
Dos construtores deste Ser
Entrego-me assim
Liberto ao Amor
Ao sabor dos afectos
E ao desfilar da vida
Nos vários tons do prazer



Kairos
Oferta dos Deuses
Essa qualidade
Em vagarosa extensão
Ilimitada noção
Onde habita a magia da tertúlia
A fantasia
Reactora da criação
Onde
Na plenitude dos momentos
Tento esvaziar-me
Do emaranhado das teias
Dos limites e das exteriores
Condicionadas fronteiras
Predispondo-me neste circulo
Simplesmente a viver
A qualidade de cada instante
A luminosidade
De cada percepção brilhante



Estes poucos dias
Têm sido
Pródigos milagreiros
Longe da imposição de Cronos
Distante dos enredos
Micros e macros
Obrigatórios e rotineiros


Estes poucos dias
Têm sido espontâneos
Motivadores obreiros
Salutares questionadores
Imbuídos
Do espírito Kairos
Numa renovação
Fundamental
Extrema
Fértil e crucial


Se a vida de alguém
Homem ou mulher
Depender somente de Cronos
Tudo se esvazia
As conexões se perdem
Quebra-se o sentido
E corre-se o risco
De se esquecer
A essência de kairos
Esse espaço sagrado
Que os Deuses nos oferecem



Para que seja possível
Fazer acontecer

Gente
Pessoas
Humanos
Mais conscientes


E talvez


Também Mais Felizes ….





sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dúvidas no Caminho ...







Confronto-me
Nesta escarpa
Da dimensão humana
Onde tudo carece
De contornos claros
Que promovam o sentido
Neste labirinto de casualidades
Quase sempre ladeadas
Por paisagens
Constantemente revisitadas


Na experiencia do passado
Mergulho na tentativa de
Consignar alicerces
Estruturas flexíveis
Na estabilização do presente
Mas do futuro nada sei
Na convulsão que se mostra
Permanente e sem fim
Neste oceano agreste
Em que sou um ilha
Situada a noroeste
Cujas pontes
Vitimas das agruras climáticas
Se tornaram frágeis
Tento assim assimilar
E parar um pouco
Para pensar que talvez
O presente não é mais
O herdeiro do ontem
Nem está ele sujeito
Ao genes do amanhã



Nietzsche dizia que
O único tempo real
É o presente
Ponto de encontro
Entre o passado e o futuro
Sendo prudente
Fertilizar o primeiro
E produzir o segundo


Será ?
Posso aceitar tudo
Quando da dimensão humana
Se reveste esta reflexão
Acontecendo por vezes
Nas horas quentes e fervilhantes
Das minhas insónias
Relembrando fragmentos
De um longo caminho trilhado
Debruço-me sobre o presente
Tentando por vezes
Imaginar o futuro
Numa missão impossível
Que me remete
A uma consciência crua
Onde subsiste
A total fragilidade de tudo
E mesmo assim
Continuo tentando
Encontrar o sentido
Neste traçado
Até hoje conseguido
Mas neste processo
Feito de presente e passado
Sobressai aquele amargo
Sabor deste desassossego
Com que não consigo
No mar contraditório
Deste transtornado oceano
Decifrar o futuro


Mas algo de repente
Me acalma
De certo modo
Consola-me a alma
Porque do outro lado
Desta ilha de mim
Surge aquela sensação
Que me faz acordar
Consciencializando-me que
O sentido da vida humana
Não se faz nunca
De uma só vez
É algo em construção
Conquistando vagas tempestivas
Provocando convulsões emotivas
Por vezes
Perdendo a noção das expectativas
Estando sim direccionada
Para possibilidades
Contextualizadas
Possíveis
Reajustáveis
Numa constante alternância
Entre o avanço e o recuo
O sucesso e o fracasso
Entre coragem e prudências
Hesitações
Sinais de inteligência
Excessos e ousadias
Fazendo parte deste percurso
Em que como humano
Estou constantemente sujeito
A todo o tipo de conjugações
Inter pessoais
Interpretações condicionais
E todas as demais
Interferências exteriores residuais


Viver nesta cadeia
De elementos mutáveis
Tentando manter erguida
As cores da bandeira
Feita de sentido
Construção e crença
Com os quais sem ela
Não somos mais o que somos
Confronta-nos
Com a solidez dos patamares
Do edifício da nossa construção
E remete-nos
Para a uma das maiores batalhas
Com que nos podemos envolver

A lucidez e a verdade
De quem julgamos ser

E a luta que nos assalta
Vestida de dúvida

Se iremos na realidade
Perante os factos que nos cercam
Conseguir

Esse sentido

E essa Vontade


Sempre Manter …













quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Prefiro Outro Ritual ....

































Pode até
Ser chocante para alguns
Mas na verdade
Não quero nem saber

Pois vou aqui dizer

Natal para mim
É algo que
Me faz reflectir muito
Gosto da reunião familiar
Gosto dos presentinhos
Gosto da culinária
Adoro a pureza
A fantasia do meu filho
Que espera na sua inocência
Pela visita tão esperada
Do Pai Natal


Mas no mundo lá fora
Na superficialidade
Nas aparências
No social
Nas empresas
Nos discursos
Nos almoços de natal
Na fantochada real
É sempre mais do mesmo

Por isso
Prefiro outro cenário
Prefiro inventar
Outro ritual
Rock & Roll
Contagiando o meu Natal


Porque na verdade
Acabando esta quadra festiva
Cada vez mais consumista
Embrulhada pelo papel do
“Amor , perdão e Compreensão “
Mensagem muito subjectiva do Natal
Onde é óbvio que impera
O cinismo instituido da manada
E a hipocrisia já aceite
Normal e entranhada
Ano a ano
Nada se altera
Tal como na filigrana complexa
Que compõe o cenário teatral
Os jogos do favor e da influencia
Os interesses do egoísmo
E da ganância
Que se degladiam nos bastidores
Da estrutura nacional
Mundial e global



Toda a merda
Volta a ser igual …












sábado, 19 de dezembro de 2009

I Feel You ...







Regresso
À chama dos sentidos
À incandescência
Dos desejos escondidos
Regresso à tua beleza
À combustão que acontece
Nesta combinação química
Como uma teia fina
Que envolve a mente
Num encruzilhar de seda
Que lentamente se tece



Regresso e inspiro-me
Nos teus relevos e nos traços
Mergulho
Nesta perdição
Entrego-me absorto
Na demorada degustação
Dos teus íntimos lugares
Mágicos condimentos
Saborosos momentos
Vibrantes e singulares




Nestes caminhos
Do dia a dia
Que rotineiramente percorro
Tantas vezes áridos de substancia
Inertes de aromas quentes
E aquém de intensidades
Contagiantes e eloquentes
Deleito-me
Com a nudez carnuda
Da tua boca
E aquela fantasia
Que por vezes assalta
Numa acutilância ímpar
Que acho nunca ser pouca




Talvez eu precise mesmo
Deste refúgio
Cápsula do tempo
Onde me faço esconder
Deixando-me entranhar
Nesses caminhos labirínticos
Onde rastilhos de emoções
Implodem imagens
Deflagrando
Estilhaços de pensamentos
Com reflexos perfumados
Criando tendências
Ausentes de abstinências
Numa construção perfeita
De universos sublimes
No momento improvisados
E absolutamente ousados




Nesta viagem sinuosa
De ciclos regulares
E complexidades aleatórias
Tal como fazem
As aves migratórias
Procuro nestas passagens
Aragens
Brisas
Que me refresquem e levem
Em fluxos de ondas térmicas
Que me façam subir
Subir bem alto
Até aquele ponto no espaço
Estratosfera de nós
Onde nos é permitido
Viver e guardar
O que sabemos
Por experiencia ser
Tão precioso
De tão escasso




Procuro nestes meandros
Estradas e caminhos
Calçadas e trilhos
De avanços e recuos
Que formam
Esta amalgama pictórica
De dúvidas e vontades
Gestações inconsequentes
E algumas fertilidades
Dobrar todos os cabos
Cognominados
Da boa esperança
E assim
Incendiar os fardos
Da minha insatisfação
E quem sabe
Com maior frequência
Voltar a respirar
Profundamente
Pausadamente
Ares límpidos oxigenados
Nesta minha viagem
Continuada e permanente
De reciclagem
Transformação e mudança




Mas apesar de tudo
Aqui vou levando
Por vezes deste mundo
Dominado e controlado
Nesta esteira globalizada
Por gente
Incongruente e gananciosa
Que assumidamente
Eu não gosto nada
Vou desertando
Nesta cápsula do tempo
Entrando e voltando
A esse lugar secreto
Onde te sinto assim
Intensamente
Totalmente
Ao vivo e em directo



"Yes ...I feel you"



Nosso encontro
Está sempre marcado


Naquele espaço singular


Nosso lugar predilecto


Onde tudo é permitido
E tudo acontece

E a comunicação se faz
Unicamente



Na conjugação simples




Do Nosso
Peculiar Dialecto …














domingo, 13 de dezembro de 2009

A Voz, a Palavra e a Fuga ....







O corpo
A alma
E o espaço


O corpo
A alma
E este laço
Do meu pensamento
Que a pouco e pouco
Desfaço



O corpo
A alma
A realidade
A fantasia emergente
Olhar esse que vou
Constantemente
No encalço



O corpo
A alma
O momento procurado
A paisagem serena
A contemplação plena
O prazer da harmonia
Essência do viver
Oportunidade genuína
Onde é possível sempre
Recuperar o senso
Reconstruir as pontes
Do verdadeiro Ser



O corpo
A alma
A noção
A reflexão
A fragrância intuitiva
Para uma realidade
Que teima em ser
Uma simples miragem
Efeito de óptica
Consequência ou ilusão
Da mesma



O dia
A noite
A estrada sem fim
Parece que não acaba
Piloto automático
Cuja tecla
Está presa e conectada
E assim
O movimento continua
Ao sabor do vento
Como se fosse
Uma viagem
Em ciclos e programada



A voz
A palavra
A fuga
A textura nua
A intenção fervilhante
Que perdura
A ideia de realização
A procura que ilumina
A luz da sintonia
Que por vezes assim consola



Esta sensação
Que não pára
Numa esgrima silenciosa
Em busca de uma solução
Qualquer que seja
Talvez uma
Que seja milagrosa
Seguir os sinais
Os verdadeiros
Os autênticos
Abandonando esta velha espiral
Onde impera o racional
Catalisador castrador
Que compõe a cadeia
Corrente deslizante
Da omnipresente razão



Prefiro o verde
O azul
O amarelo
O vermelho
O arco íris no céu
Vibração intensa
Que se condensa
Na mente
No espírito
E no pensamento



Cores frias
Cores quentes
Maravilha
Partilha
Natureza
Energia e sedimento
Vida em combustão
Mas na verdade
O que eu não gosto mesmo
É do cinzento daquela sensação




Não estou a falar de amor
Amor Verdadeiro
Esse eu tenho
Estou falando de outra dimensão
Absolutamente necessária
Outra realização
De outra cor é essa expressão



O corpo
A alma
E o espírito



De cada um deles
Um espaço
Um pedaço
Um fragmento



Tavez busquem algo etéreo
Algo premunitor
Anunciador
Indecifrável
Que altere o curso
De alguns sentidos
E de alguns caminhos




Pois eu sinto
Existir algures algo assim
Em algum lugar



Quem sabe lá longe

Algures
Nesse infinito firmamento ...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Ingrata Insatisfação ...







Meter as mãos
Dentro do saco
Onde gira o turbilhão
Dessa espiral que sente
A força do vento
Polvilhada
De folhas secas
Esverdeadas
De cores neutras
Que confirmam sinais presentes
Já tão permanentes
De uma normal insatisfação


Saber o porquê
Dessa forma quase ingrata
De reconhecer
Que a avaliação da prestação
Com que se define
Uma qualquer vontade
Ou uma possível ambição


Não se mede
Num espaço de um ser
Que corre atrás de uma chama
Que já sente ter
E no exercício matinal
Não casual
Físico e mental
Talvez já habitual


Pista paralela que corre
Revive a inocência
De um tempo guardado
Mas ao que observa
Seu paradeiro
Lugares
Arvores e suas raízes
Parece já desconhecer
Como de facto era o cheiro
Desse longínquo amanhecer



Meter as mãos
Dentro desse buraco
Procurando
Prazeres invisíveis
Chocalhos tocantes
Chocantes
Que o risco valham
A leveza pluma
Ou o suster da pena
Que o mundo dos limbos
Mundo dos sábios loucos
Se façam então
De corredores amplos
Cantos recatados
Labirintos perfumados
Onde nenhuma lei condena


Essa vontade
Essa vontade tremenda
De sugar cada pingo
Saborear cada gota da vida
Na liberdade justa e plena
Da essência do significado
Arbítrio puro
Desejo livre
Docemente autêntico
Numa cordilheira infinita
Esquecendo tudo
Aniquilando por completo
Todos os instantes mal gastos
Numa tal dimensão
Onde cada minuto é rubro
Cada ínfimo segundo
Fosse reconquistado
Magicamente
Vontade vivida
De uma forma única
Gulosa e tranquila
Fluida e desmedida



Nessa vertigem sublime
De verdadeira expressão
Onde se inspiram e se degustam
Notas tonais do paladar
Aromas e taninos
Que causam o prazer de poucos
No vapor endiabrado da vida
Linhas luminosas nascem
No enredo da bruma
Nevoeiro ténue esse
Que guarda e protege
O núcleo dos valores nobres
Indicadores assertivos
Estrelas cintilantes
Que embelezam com requinte
A intemporalidade do olhar
E do sentir da Alma




Existem coisas
Acontecem sequências
De tantas outras coisas
E na reflexão das razões
Elas tornam-se inexplicáveis
Porque os enredos
São feitos de sedas invisíveis
Construindo padrões peculiares
Fomentando assim dedicados olhares
Confirmando-se o pressentimento
Dessa vigência maior
Cada retalho
Cada pedaço
Encaixando no seu preciso lugar
Provações irregulares
No segmento do tempo
Oscilações
Próximas e distantes
Formaturas conjunturais
De alguns solitários viajantes



Mete-se as mãos
No fundo do saco
Em contra mão
Buscando sentidos
Que impludam os ecos
Dessa ingrata insatisfação



Sente-se a presença
Não se sabe nunca
Qual a sentença
Pautam-se pelo silêncio
Flutuam
Na proximidade da respiração
Tocam a alma da pele
Demonstrando ousadia
Presença
Mesmo na aparente ausência
Comunicam
Nos mais imponderáveis momentos
Na curva de um sonho
No desalento de um dia
Na insónia de uma noite
Mas na verdade
Deixam delicados silvos
De valorosas
E subtis mensagens


Sinais do invisível


Anjos


Mensageiros

Que nos sopram brisas

Codificações destintas

De outros caminhos


Para

Outras Paisagens ….















domingo, 6 de dezembro de 2009

Na Busca de Algo ...







Nestes diferentes tabuleiros
Em que decorrem os lances
De uma qualquer existência
Com a aquisição de parcelas
De uma qualquer experiencia
Há momentos em que se observa
Uma certa ausência
Quando na pura inocência
Julgávamos ser somente
Uma possível coincidência


Assim nesta imersão
Fruto da espuma destas ondas
De onde fervilham bolhas de ar
Contendo tantas e imensas dúvidas
Posso acrescentar que
Nada é assim tão simples
Pois os tons se mesclam
Nessa tela imensa e difusa
Onde as cores se misturam
E assim se observa que
O azul não é puro
O branco não é branco
O preto não é preto
E a verdade desfalece
Entre a quase certeza
De alguma coisa
E a aventura da mentira



Isto são pedras residuais
Das vagas ilusões
Onde ainda restam
Algumas pinturas
Criações alucinadas
De outras
Desmedidas aventuras
Pigmentadas de ideias
Segmentos de recta
Linhas
E outras curvaturas



Mas neste vai e vem
De gargalhadas coroadas
De excessos e cores
Algumas dores
Tristezas e lágrimas
Sorrisos e outras solturas
Consciencializo-me
Da textura da pauta
Papel reciclado
De outras partituras
Que assim se demonstram
Quase fatais
Contra face da moeda
Cara ou coroa
Simbolismo e rituais
Dos fantasiados
E outras tantas
Vivencias circunstanciais



Mas talvez se veja
Que a curva do horizonte
Se acentua
Quando em contemplação
Imagino como será
O lado escuro
E escondido da lua
Mas nunca esquecendo
Que aqui deste lado
Onde o real se abate
Sobre gente como nós
Espalhando a agua
Dos pingos da chuva
Tudo se altera e muda
Até naqueles momentos
Em que aprecio o doce sabor
De uma esverdeada e limpa
Carnuda uva



Pois é
Por vezes o que penso
Submerge e entranha-se
Numa tela branca
Onde os sentimentos
Emoções aleatórias procuram
Uma ou outra razão
Plena de substancia e cor
Vontade persistente e extrema
Desta minha contínua
E perpetua cor
Por vezes salpicada de dor
Que já se perde no tempo
Nascida algures
Na distancia longínqua
De um qualquer momento



Diria que

Talvez

Na busca de algo


Atravessei um qualquer pântano


Deixando a marca
Da minha pegada


Vigorosamente gravada


Algures


Naquele sedimento ….











terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Vida e o Tempo ....







Nos últimos tempos
Tem existido
Entre mim e o tempo
Um conflito tremendo
De confronto e sofrimento



Conflito esse
Que me tem feito
Pensar muito
Na procura
De um jeito qualquer
Para tudo reciclar
Na sábia paciência
Parar e reflectir
E assim no apuramento
Esta minha relação
Com o chamado tempo
Algo poder melhorar


Desde sempre
Que sinto o tempo
Como um espaço onde
Tudo acontece
Pequenos e grandes eventos
Que inspiram e compõem
As composições
Melódicas da vida
E assim por vezes
Perco as notas e os tons
Que fazem os sustenidos
De uma qualquer descida
Ou uma abençoada subida


Este confronto titânico
Entre mim e o tempo
Tem sido agreste
Agressivo e tirânico
Pois não me quero submeter
Quero sim
Gozar e saborear
Os momentos que mais preciso
Mas que fatidicamente
Num ápice se esfumam
Num regresso às obrigações
Às exigências constantes
Das padronizações
Num tempo este
De mórbidas
E insanas competições
Onde tudo vale
Para que se alcance
O que a manada considera ser
Suas legitimas
E ambicionadas aspirações


Tento equilibrar
Tento melhorar
Esta atribulada relação
Entre mim e tudo isto
As convulsões indirectas
E o imutável tempo
Vivendo e saboreando
Sempre que posso
No invólucro da intimidade
Cada nosso momento
Esquecendo
Por algum tempo
Esse mundo exterior
Que reside perto
E longe de nós


Estou nascendo e aprendendo
Pois na vida não há nunca
Aquele tempo que se deixa
De algo aprender
Porque quer seja fora
Ou dentro de nós mesmos
Existem sempre coisas
A acontecer
Daí estou reaprendendo que
O tempo não tem culpa não
Sou eu mesmo que
Na poeira desta sinuosa estrada
Me esqueci
De que cada tempo
É tempo para cada momento



Nesta viagem
Atribulada e sofrida
Entre mim e o tempo


Quero muito muito
Quero tanto tanto
Que cada vez que estou
Em nosso mundo contigo


Esse rio de caudal imenso
Partículas fluidas
Da leveza do tempo


Passe por nós


Cada vez mais terno
Como uma leve brisa de vento


Cada vez mais
Compreensivo


E acima de tudo



Cada Vez Mais Lento ….