Arquivo do blog

domingo, 30 de novembro de 2008

Talvez um Dia ....



São tantas as palavras
Que clamam
No fervilhar do caldo
De revoltas ideias
Mas está difícil desenrolar
Desatar o novelo
Que na planície do espírito
Pende com fios
Decompondo o enredo
De algumas teias


Não sei falar
Utilizando códigos e enigmas
Daí por vezes confronto-me
No pulsar térmico
Da minha subjectividade
Com a necessidade
De muito mais céu
De muito mais chão
Para poder
Fazer voar e correr
O vulto do meu espectro
Com muito mais liberdade


No elaborar dos significados
Que reflectem os quadros
De variáveis observações
Produtos inacabados e complexos
De viagens e reflexões
Dou por mim
Desbravando
Sobrevoando áreas
Zonas recônditas
Inóspitas
Glaciares
De sombreados azuis
Estreitos sombrios
De fluidos derramados


Poderei eu folhear
Descrever
Os sulcos e imagens
Que os pensamentos
Imprimem em tais caminhos ?


Pois
No espasmo do botão verde
Que se contorce de dores
No acto sequente
Do momento seguinte
Em que emerge
O nascimento da flor
Contem-se o movimento
Repensa-se o gesto
Enrola-se o subscrito
E guarda-se no baú do tempo
Como se fosse
Uma jóia de valor

Das coisas ditas
Tocam-se as mãos
Acarinham-se os gestos
Incendeiam-se corações
Elevam-se desejos
Dedilham-se acordes
Efeitos de alucinações

Das coisas não ditas
Projectam-se pontes
Arquitectam-se monumentos
Areias e pedras
Dos meus pensamentos
Cercados por paisagens desertas
Oásis perdidos
Guardados por mensageiros
Combatentes destemidos
Gladiadores de outros tormentos


Não sei
Como se mede a distancia
Entre o choro de uma árvore
E os vãos de lugares
Agora vazios
Onde se escutam
Arrepios e sons
Agudos e graves
Ecos
De inúmeras realidades

Tento assim assimilar

Compreender


Talvez um dia


Esses códigos

Decifrar …..



sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Murmúrios de Magia ....


O fundamento que resulta
Nestas travessias de mim
O que eu encontro
Está na forma
Como vou conseguindo
Libertar-me
Da influencia do ego

Essa sim
É a escalada
Agreste e titânica
Onde por vezes
O ar se mistura
Sabendo a enxofre
De origem vulcânica

Todos os dias
Observo-me
Nesse movimento abstracto
Esforço-me
Para que o lado
Mais elevado de mim
Tome o lugar do ego
Que em certo tempo
Se mostrava inflexível
E algo dominante

Nesta partilha
E nesta combustão interna
Dou graças
E boas vindas
Como ponto de partida
A este meu lado elevado
Pois é aí que reside
A essência genuína
Da minha construção

Sei que
Aceitar o ego como guia
É aceitar
O mais puro engano
É nesta ebulição
Entre o autentico
E a contradição
Que sinto ser esse
O maior desafio
Fazendo da verdade
Solidária companheira
Dos meus pensamentos
E o substrato real
Das ilacções da minha vida

Existe aquele vibrar
Um soar clandestino
Talvez
Um murmúrio divino
Aqui dentro de mim
Que me diz
Que esta passagem
Não termina nesta estação
Pois o mundano e o comum
Que encontro nesta vida
Jamais será
Alimento suficiente
Para uma parte maior de mim

O processo é contínuo
Certamente será eterno
No ajuste
Na correcção diária
Permitindo o afastamento
De ruídos poluídos
De inúmeras distorções

Na verdade
Muitas vezes
Aquilo que penso ser
O que mais preciso
Não é o que
A essência milagrosa
Na sua vertente pura
Me ensina

Os milagres operam-se
Por caminhos
Codificados e sinuosos
No fundo de mim mesmo
Eu sinto
Que existe um lugar
Onde tudo é possível
Pois a cada dia
Reconheço cada vez mais

Essa essência

Murmúrios de Magia …

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vontade Premente ....


Sinto as vibrações
Que me chegam
No alvorecer de cada dia
Guardo em mim
Esta vontade premente
Viver de forma
Plena e simples
Tentando a cada passo
Encontrar a paz
Que elimine qualquer atrito
Que possa existir
Na ondulação
Do meu espaço

De entre tantas opções
Que podem confundir
O sentir
De algumas emoções
A cada dia que passa
Consciencializo-me
Que está nas minhas mãos
Decidir e escolher
Posturas
Gestos e afectos
Que definem a qualidade
Aqui e agora
Dos meus momentos

É nesta sinalização
Neste escutar permanente
Dos meus íntimos silêncios
Que encontro interiormente
Demandas do sagrado
Nos meus puros movimentos

Paz de espírito
Tranquilidade
Suave serenidade
Prazer intenso
Na expressão
No simples acto
No largar do meu sorriso
Significa viver
Na minha verdade
Fruto da minha busca
E assim estar
No ciclo verdadeiro
E em plena sintonia

Quero tocar
A plenitude

Quero desfrutar
A inspiração da serenidade

Quero sentir
A Paz da tranquilidade ….



quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Revelações Singulares ...


Neste vai e vem
De vincadas
E sublimes emoções
De arejadas
E simples constatações
Situo-me
Entre a vontade firme
De ser feliz
E a inclinação do desejo
De inspirar o sublime

São estas nuances
Onde se esgrimam
Ideais e nostalgias
Incertezas e razões
Experiencias e sintonias
Que se verificam erupções
Das minhas individuais melodias

Assim
No divagar difuso
Com que viajo
Na extensão infinita
Do meu espírito
Nesse correr momentâneo
Com que me encerro no vazio
Espaço obscuro do meu olhar
Deixo-me ir
No sabor aromático
De um cheiro suspenso
Que me devolve
Este sentido intenso
Que observo no queimar lento
De um simples e frágil
Pau de incenso

São estes factos
Ditos pequenos
Mas intensos
Que me fazem crer
Que as essências nobres
Existem nas simples
Por vezes
Aparentemente pobres
Mas na verdade são
Revelações singulares
Que posso sentir
E com estes meus olhos
Saborosamente
Captar e ver

Gosto dos dias amenos
Adoro as noites de luar
Peço um desejo no cruzar
De uma estrela cadente

Acredito em sinais
Que me chegam

Do firmamento ….




terça-feira, 25 de novembro de 2008

Minhas Premissas


Simplificar
É o discernimento
Mais sábio e importante
Que tento preservar
Em todos os capítulos
Da minha vida

Simplificar significa
reciclar ou eliminar
todos os factores e elementos
que possam
Em mim causar
Atritos e preocupações
Ruídos desnecessários
Fontes de constrangimentos
que minam
E dificultam consideravelmente
O prazer
E o desfrute da harmonia
Das minhas noites
E dos meus dias


Esvaziar
O Espírito e a Mente
De pensamentos
Cujas sementes provêm
Da conflitualidade
Entre a minha individual vontade
E a crua realidade
Significa obter
Um discernimento superior
Adubo de sensatez
Poupando-me assim
A internos confrontos
E corrosivos conflitos


O ontem já aconteceu
O amanhã não passa
De uma simples conjectura
No universo efervescente
Das possibilidades
O hoje
O presente
É tudo o que eu tenho
Na força do agora
No ranger deste meu tempo
Que roça a simples fragrância
Essa essência frágil
Deste instante momento


Conjecturas
Incógnitas
Possibilidades
Passadas e futuras
Nada mais são que
Processos de erosão
Falsos fundamentos
Que podem promover
O surgimento
De internos conflitos
E incapacitantes rupturas


Simplificar
Esvaziar
Reflectir
Meditar

Contemplar a beleza
E reciclar os elementos

São premissas fundamentais

Que hoje alimentam
E transformam

As paisagens que registo

No horizone abrangente

Do Meu Olhar …..


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Princesa Minha ...


Recordo aqueles tempos
Em que éramos
Livres e soltos
Verdes rebentos
Na áurea da vida
Na crista dos dias
Na espuma das ondas
E na ânsia desmedida
Com que vencíamos
A ausência do outro
No tempero da saudade
Do coração
Da alma e do corpo
Que matávamos
Nos nossos refúgios
Oásis
Nas noites e dias

Recordo aqueles tempos
No cheiro das madrugadas
Nas chegadas
Nas idas e voltas
Imensas viagens
Buscando
O auge dos momentos
Mãos dadas
Nossos caminhos
De juras e sentimentos

Hoje
Sabemos
Os caminhos
Que juntos fizemos
Nossa epopeia
Nossa odisseia
Única
Sem igual
Que só nós desbravamos
E assim evoluímos e crescemos

Continuas sempre tu
Jovial
Linda
Bela
Terna
Textura aveludada
Mulher
Há muito eleita
Princesa minha


Hoje Princesa
Estamos de Parabéns
Por aquilo que somos
Por seres tu quem és
No traçado desta viagem
Manancial de histórias
Que juntos fizemos
Que hoje continuamos
Sempre iguais
De mãos dadas
Pelos caminhos que
Até aqui percorremos
Sempre
Passo a passo
Tranquilamente
Com os nossos pés

A maioria acha
Que os humanos são
Um corpo com alma
Eu sei que nós somos
Duas Almas cúmplices
Viciadas no Amor
E nas loucuras
Que partilham e habitam
O meu corpo e o teu

Amo-Te
Mulher Única
Princesa Minha


Hoje
Amanhã

E Sempre ….




domingo, 23 de novembro de 2008

Este Meu Rio ....

Entre a minha paz
E a naturalidade dos factos
Que circundam a paisagem
Dos meus lugares
Resta-me a clareza
Da água cristalina
Que ao longo destes tempos
Correm no riacho que desviei
E que regam subtilmente
Os canteiros do meu jardim


Nada que não mereça
O perdão dos deuses
Nada que seja fatal
Na comissão dos juízes
Pois na verdade se
O meu pecado
É ser quem sou
Descartar o vazio
No olhar que dou
Provocar o sorriso
No entrelaçar da sílaba
Reflectindo
Códigos de pensamento
Que registam imagens
Que na tela de um céu
A tinta manchou


Mas que interessa isso agora
Habito a ilha deserta
Lá por vezes
Só o meu sonho desperta
Entre o fustigar das chuvas
E a realidade dos indicadores
Que marcam o compasso
Entre as noites e os dias
É junto do clã que procuro
O desvendar
De muitas magias


A cada passo
Esqueço a dor da picada
Que o insecto
Me deu no braço
O sentido vai seguindo
A órbita do destino
Em cada estação
Uma nova pausa
O sentir de uma brisa
O respirar de uma aragem
Observando as luzes
Na outra margem
Deste meu rio
Que vive nas sequências
Influências da lua
Umas vezes cheio
Outras vazio
Alagando campos
Criando erosões
Possibilitando até soluções
À sua passagem


É assim
Quanto mais este meu rio
Se aproxima do mar
Mais estou eu sujeito
Ao fluxo e refluxo

Dos ventos e tempestades

Que chegam
Na força das marés ….





sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Meu Horizonte ...


No espectro da amargura
Minha intenção não é
Não será nunca
Condescendência
Com qualquer tipo de censura
Pois há muito desisti
De certas vertigens
Alucinadas viagens

Necessito de
Suficiente espaço
Na fluidez
Dos meus pensamentos
Sendo estes
Elos coaxiais
Na ignição
Dos meus apelos
E chamamentos

No que explano aqui
Na maioria das cogitações
Fruto de variadíssimas
Internas ilações
Não prevejo
Não planeio
Sou eu consignatário
De mim mesmo
Solução simples
Das minhas depurações

Ah , se provoco amores ?
Já provoquei sim
Degeneraram
Em enganos e dores
E hoje ?
Hoje os tempos são outros
Em cada estação do tempo
Prefiro a minha paz
O meu sorriso
E o afago do vento
Prefiro a raiz e o traçado
De um percurso verdadeiro
Coerente
Genuíno
Ainda que sinuoso
Moroso e lento

Assim estou
Na avenida
Do meu horizonte
Neste passear que dou
Diante da minha
Juventude vivida
E a minha vida
De experiencias
Colhidas
Sabendo sempre diferenciar
Uma miragem
Que adorna o vazio
De uma tentação
Adensada de ilusão
Sabendo descodificar
Os ingredientes vitais
De uma decidida
Opção de vida

Uma palavra de Verdade
Todos buscamos
Quer ela nos faça doer
Sofrer ou chorar
Mas é de Verdade que falamos
De algum vazio
Todos comungamos
Mas definitivamente
Eu prefiro o estado
Do esvaziar

Eu intensamente
Me procuro
E o outro lado meu
Na singularidade
Da minha solidão
Em harmonia e união

Sabemos os dois (eu e eu) que

Prescindir e simplificar

É o segredo

Da sabedoria
E da almejada iluminação ….



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Paisagem ....


Na espuma dos salpicos
Que tingem a minha alma
Não sei que palavras dizer
Nem qual o rumo
Dos pensamentos
Que devo ter
Pois
Nesta linha curva
Que risca
O rumo dos meus pensamentos
Esta minha sensação fica
Algo turva


A imagem
De uma beleza rara
A expressão da paisagem
De uma profundidade
Que me toca
Que me seduz lentamente
Como uma tara

Provações talvez
Testes e premonições
Tatuados na face
Convexa do destino
Onde se reflecte a luz
De um imaginado feixe
Que escreve o argumento
Cuja história
Explanada no meu âmago
Subtilmente traduz

Francamente bela
Não havendo palavras
Capazes de definir
A doçura extrema
Dessa miragem
Fico-me assim
Pelo silêncio de mim

Quando as estrelas brilham
Alguém olha o céu
E pede um desejo
Que se faça então
A vontade no acto

De um

Desejado


Ensejo .....



quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Amor ...


Na pele
Na carne e no osso
Na voz
No beijo colapso
Sedento e atroz
Está o Amor
Que eu me vejo

Na rodagem do dia
Na camuflagem da noite
Na insinuação inflamada
Que corpo a corpo
Incendeia a magia
Está o Amor
Que eu me concebo

Na presença
Na intensa substancia
Que entranha o aroma
Do cheiro da pele
De dois seres
Está o Amor
Que eu assino

Na tramitação
Entre o ser e o dar
Entre o receber e o estar
Nas relações verificáveis
Nas realidades palpáveis
Está o Amor
Que eu me revejo

Na convivência plena
Na discordância
Na convergência
Na vida consumada
Pela crua realidade
Na gestão rotineira
Na confluência da dificuldade
Na superação da inércia
Na evolução criativa

Entre dois seres

Está a verdadeira essência

Do Amor partilhado

Em que

Eu Acredito ….




terça-feira, 18 de novembro de 2008

Testemunha de Mim


Algo agrestes
Têm sido estes dias
As noites violeta
Azul e cinza
Mas no meio de tudo isto
Eu procuro e sintonizo
Tentando assim equilibrar
O que eu a mim mesmo
Na orla da neblina me explico

Deambulando
Na textura
Por vezes rugosa
Dos meus pensamentos
Surpreendo-me a cair
Inadvertidamente
No precipício
Escarpado da dúvida

Pois
Humanos
Frágeis
Maleáveis e imperfeitos
Existimos
Mas no respeito congrego
Ideais conciliados pelo perfume
Destilado
Na profundidade dos areais
Onde perduram
Corais de sentimento
Refinado

Na drenagem
Das salinas
Do sal e do medo
Prova-se o sabor da lágrima
Que se colhe
Na curva do rosto
Com a mão
Ou com o dedo

Testemunha de mim
Compassivamente observo
Somos dois e não um
Distancio-me
Das sequências da emoção
Protegendo-me da dor
Que trás a marca da chaga
Da cicatriz
No coração e na mão
Testemunha sim
No roteiro
Do diálogo incomum
Entre o eu
E o outro eu de mim

Nestas voltas da vida
Que nos deixam
No acto do trapézio
Assim
Adoraria inspirar
O cheiro intenso
A iodo do mar

Na certeza brutal

De não haver

Nenhuma
Interrogação
Em mim

Flutuando na
Inodora leveza

Da imensidão
Do ar ….

domingo, 16 de novembro de 2008

O Rasgo desse Olhar


De um qualquer lugar
Sinto a presença
Da sua incidência
Não sei se no distúrbio da distancia
Perco um pouco a noção
Se será mesmo meu
Ou se de alguém
O rasgo desse olhar


Na convulsão dos dias
Que seguem na linha do horizonte
Numa sequência disforme
Que penetra e consome
O tutano e o sangue
Até que a consciência tome
Os resíduos e os pingos
Na reciclagem
De tantas almas vazias


De um qualquer lugar
Quer seja na dobra que dou
Ou num gesto que me tocou
Na palavra que algures deixei
E que por aí ficou
Pois
Eu sei o que sinto
No verde da folha
Na seiva da lágrima
Nos poros do orvalho
Não sou
Homem que minto


Na minha distancia
Que destrói a fagulha
De uma qualquer ânsia
Eu pego no beijo
Que me incendiou
Seguro a revolta que me ensinou
E pego nas malas feitas de estrelas
Que a magia da noite me impregnou
E caminho
Ignorando o destino
Sentindo a presença desse olhar
Que há muito me encontrou


No expoente máximo
Da saborosa gargalhada
Ou na dilacerante dor
Que faz a diferença
Entre a Paz
A guerra e o Amor
Eu sei quem sou
Eu sei quem sou


De um qualquer lugar
Nas palavras que se quebram
Nesta minha boca seca
Que eu quero molhar
Sorvo gotas de água
Pura e cristalina
E começo por acreditar
Em sonhos
Em contos de embalar
Talvez em alguns momentos
Já não seja eu
A escrever ou a falar

Talvez seja sim

O desígnio


Desse
Oculto Olhar ….

sábado, 15 de novembro de 2008

Passageiro do Tempo

Observo este homem sempre
Distanciado das normas
Que edificam e classificam
As manobras
Delineadas pelas simulações
Das estratégias globais


Chamo-lhe
O Passageiro do Tempo
Pois desde cedo
Perdeu o significado
E o afecto
Pelas suas raízes
Extorquido do seu
Espaço berço
Jamais
Afectivamente se ligou
A qualquer outro lugar


Não vive os lugares
Por onde passa
Somente passa
É um passageiro do tempo
Sente o cronómetro estalar
Para num qualquer dia
A contagem
Simplesmente parar



Há muito que deixou
De acreditar
Na “verdade” dos homens
Pois sabe que ela é manipulada
Pela convergência e tendência
Entre o egocentrismo
E metamorfose que eclode
No pântano do egoísmo


Distancia-se
Do império social e global
Da corrupção no gesto do favor
E do abraço simulado
Que bate no peito
Pois certamente
Na curva da história
Ele sabe que
A factura sempre se cobra
De qualquer jeito


Passageiro do Tempo
Homem estranho este
Cada vez mais
Distante e solitário
Pressente as intempéries
E trovoadas que se aproximam
Permanece assim observando
Decifrando os planos
Que se apresentam no mostruário


Quando olha o caminho
Que serpenteia
No encontro fatal com o futuro
Não sabe o que dizer
Pára
Espera
E embrulha o momento
No lenço do seu silencio


Passageiro do Tempo
A luz da sua juventude
Já não é mais a mesma
E ele conhece o peso
Da sua armadura
Mas mesmo assim
Longe
Distante
Ele pega na espada
E sente o arrepio
Da sua textura


O cronómetro
Continua marcando
Num ritual de ciclos
Que na sua Vida
Se vão abrindo e fechando
Mas ele permanece
Igual a si mesmo
Nunca se deixando converter
À doutrina inspirada
Pelo manancial dos gulosos




Como Eu

Compreendo


Esse


Homem ……









quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Feliz é o Pássaro ...


Frágil
Mas vivo
É como o pássaro
Na vertigem da descida
Sente o calor
Emergindo na galáxia
Das suas ideias
Fluindo


Mas o pássaro
Reconhece
Que o seu par
É merecedor
Das maiores belezas
Das maiores dádivas
Que o universo conhece


Feliz é o pássaro
Porque
Na alegria
Na louca diabrura
Na tristeza ou na doença
Ele nunca se esquece
Que o seu par
Lhe foi entregue
Pelas mãos de um Deus
Que conhece na realidade
Os confins e os labirintos
Dos roteiros da história


O pássaro ao seu par
Agradece por tudo
Pela devoção
Pelo Amor incondicional
Que ele carece
Pois isto não é de hoje
É de muitas
E já longas luas
Que esta história de Amor
Há muito acontece


O pássaro está frágil
Recuperando
Bebendo a água
Que a chuva deixou
Na curva da folha
Que ao céu se mostrou


Mas
Feliz é o pássaro

Por sentir

Todo esse

Terno e Carinhoso Amor

Que o seu par


Desde sempre


Lhe doou ....







terça-feira, 11 de novembro de 2008

Palavras ....


Na vertigem que chega
No arrepio contagiante
Da palavra sentida
Seduzida e escutada
Emerge um caldo
Com sabor
Difícil de traduzir
Pois é quente e aromático
O sentir cativante
Do seu vapor


Na mente rebelde
E libertina
De um autor
Cuja imaginação flui
Isenta de fronteiras
No explanar da sua criação
Evoluem cenários
Pigmentos de agridoce
Que tocam
Cordas vibratórias
Num lugar
De intimas partes vivas
Compostas por desejos
E sublimes energias


A palavra tem vida sim
Ela flui no braço de rio
Que a fazemos navegar
Remando na espuma
E nas correntes
Dos desejos e sonhos
Que sustentam
Os genes multicelulares
Da nossa inspiração


Entre as fronteiras
Pedaços perdidos
De terras de ninguém
Surgem cactos e arbustos
De flores rosácias
Que na sua sede
Absorvem regadios
Submersos

Que nascem distantes
Na textura dos dedos

De alguém ….





segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Apesar desta constipação ...


Num inicio de semana
Algo fragilizado
Pela surpresa inesperada
De um resfriado
Que nos deixou zonzos
Mas mesmo assim
No conforto
De um tranquilo
Fim de semana também


Ainda sinto
O entupimento
Deste entorpecimento
Que me deixa meio atordoado
Nesta retomada semanal
Sentindo já muitas saudades
Dos momentos carinhosos
Entre todos partilhados
Mas
Em especial
Com o meu Pimpão


Mas apesar de tudo
Guardei aqui bem
Na minha Alma
As delicias dos momentos
As brincadeiras
As ternuras
Que ficaram registadas
Aqui mesmo
No meu Coração


Hoje
Não é dia
Para muita elaboração
Hoje
É dia para
Puro sentimento
Para esta saudade
Minha sensação
Profunda emoção
Que me faz sorrir
Que me faz agradecer
Agradecer muito
Apesar desta constipação


Amo-Te

Adoro-Te

Meu Filho lindo

Minha Vida


Meu

Pimpão …..








domingo, 9 de novembro de 2008

Loucura Minha ....


Com a água salgada
Que molha esse teu corpo
Mato a minha sede
E retenho o sal e o sabor
Por mais um pouco


Na humidade dessa tua pele
Arrasto a minha diabrura
De alguém entregue
Que no calor do fogo
Perde a noção de ser
De qualquer postura


Apesar dos mundos
Dos universos que percorro
Nos vãos
Nos cantos da anatomia
Desta alma minha
Que normalmente
Escrevo e descrevo


Sou também
Um Ser sem ensejo
Que mergulho no desejo
Dos rastilhos do prazer
Que me invadem
Com intensa magia


É o sabor a sal
É o aroma que vem
Nessa brisa marinha
São as linhas que traçam
A beleza desse corpo
Que acordam em mim


Reflexos
Cores
Gestos e sinais



Desta

Loucura Minha ….






sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Zona de Transição


Todos os dias chegam
À minha mente
Duas vozes

Uma acredita na Luz
Feita de plenitude e transparência
Consequência dos desígnios
Cujos rasgos
Observei no plasma mental
Da minha criação
E que pelos processados ciclos
Minuciosamente
Foram escolhidos

A outra chega
Com sintomas viciados
Pela órbita onde gravitam
As incidências das sombras
Exerce assim a sua reivindicação
Na praça da minha interpretação
Fazendo eco da sua prepotência
E reclamando testemunhos
De um passado colonizado
Por desertos de calor intenso
Provocados por vazios
De alinhamento e configuração


Eu paro
E penso que na verdade
Só uma voz se pode registar
Nesta minha vontade
Mais intima e real


No conflito provocado
Pela combustão das forças
Refugio-me num lugar
Divino e Sagrado
Onde contemplo
O desmembrar das teias
Na erosão das areias
Que decifram a minha escolha


Zona de transição
É o nome
Desse recôndito lugar
Onde não existem sons
Sinais de luz ou de luar
Um lugar que me deixa longe
De qualquer pedaço
De terra ou mar
Na transição entre
O que o mundo
Chama de realidade
E o que eu quero
Em mim consolidar
Ou se necessário
Também transformar


Zona de transição
Lugar que descobri
Ao longo da fértil morosidade
Que jaz no aprofundamento
E que emerge na substancia
Da alquimia mágica que surge
No processo introspectivo
Do ritual da contemplação


Zona de Transição

Lugar

Onde escuto

Vozes divinas


Que visitam
E acalmam

O Meu


Coração …..







quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Labirintos Internos ...


Na rouquidão
Da minha garganta
Sinto um ardor arenoso
Que se traduz
Em restos de um nó
Onde emerge um lampejo
Na margem do meu espírito
Que marcou a decisão
Num tempo especial
De mente assente
Na condução
Da minha história
Para um rumo diferente


Olho para trás
Levemente por cima
Do meu ombro
E escuto os ecos
Que ficaram no jardim
De algumas lembranças
Algo que
No registo da experiência
Por mim passou
Como um sofisma
Ou um poema
Iniciado nos traços
Da minha inocência
Inspirado por momentos
De inteira liberdade
Que o sabor do meu paladar
Simplesmente guardou


Nos passos que dou
No tragar
Dos meus pensamentos
Deixo pegadas na calçada
Dos roteiros habituais
Desta metrópole onde
Já não me preocupo
Com partilhas de sorriso
Mas tento estar atento
Isso sim
Ao chão que piso


Diria que
Cada vez mais
O conforto que preciso
Está no Amor
Das pessoas que tenho
Mas também nas curvas
Dos labirintos internos
Que percorro
Tocando as paredes
Dos conhecimentos
Que cativo e reciclo
No lugar mais profundo
Que habita em mim
Em cada momento


A base das linhas
Que desenham
O Amor
Serenidade e a liberdade
Estão na directiva idêntica
De como se arquitecta
O esplendor de uma cidade
Na convergência
Harmoniza-se se possível
Com a paisagem envolvente
Mas estrutura-se
Por dentro
Sem nunca depender
De nenhum ruído ou fulgor
Pois a essência do sedimento
Está sempre no núcleo
Que reside no centro


Para lá
Das superfícies sólidas
Que referenciam a matéria
Reconhecidas
Pelo sensorial primário
Dos cinco sentidos
Existem enxames
De partículas e átomos
E vazios infinitos
Desconhecidos

Onde se passeiam

Possibilidades de


Revelações sublimes …..






Luis Sousa

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Parabéns Obama , Parabéns USA !!!


O mundo presenciou hoje
A algo verdadeiramente histórico …

Já muito tenho dito sobre Barak Obama ,
Pessoa na qual observo qualidades ímpares ,
E graças a essas mesmas qualidades
Foi possível ao mundo inteiro ,
Presenciar à sua memorável eleição como
Presidente dos Estados Unidos da América …

Mas hoje , após essa histórica eleição ,
Quero deixar os meus Parabéns ao povo
Americano , pela forma extraordinária ,
Como soube escolher a mudança neste
Momento tão especial do mundo global …

O povo americano escutou Barak Obama ,
E soube reconhecer que era capaz de
Escolher a mudança,
Ultrapassando e cortando ,
Com todas as fronteiras do passado …

Pensar que a umas poucas décadas atrás,
Antes e durante os anos 70 ,
Era vedada nos Estados Unidos da América ,
A entrada de afro-americanos
Em hotéis , restaurantes e outros lugares
Públicos , este é de facto um momento singular,
Onde se verifica um salto tremendo
Na mentalidade da actual geração americana …


Dizer também ,
Que me emocionei profundamente ,
Quer pela confirmação da vitória
De Barak Obama ,
Quer pelas imagens onde se presencia
A união de todas as pessoas em redor
Deste líder , independentemente da sua
Cor , estatuto social ou outra …

Contudo,
Seria de uma ingenuidade tremenda
Pensar que Obama irá num ápice,
Resolver todos os enormes problemas
Que o esperam , mas sabemos que ,
Com tempo e com a sua determinação
E inteligência , fará sempre mais
Em prol da estabilidade global do que
Foi feito por esta ultima administração
Americana …


Sem dúvida que hoje,
Sinto que a história teve
O seu ponto de viragem ,
E como tal vivo este dia
Com uma enorme felicidade ,
E olho o futuro com um sentimento
De profunda Esperança ….


PARABÉNS OBAMA
PARABÉNS AMÉRICA …




Luis Sousa

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O 1º Dia do Futuro ....


Não sou cego seguidor
De ninguém
Pois estou consciente
Das virtudes
Dos defeitos
E das limitações
De qualquer alguém

Mas acredito
No Espírito divino
Que guia e encaminha
Cada ser humano

Acredito
Na revolução
E na transformação positiva
Que é a base e sustento
Da evolução humana

Em dias de incerteza
E amargura que vivemos
Em termos globais
Algo neste movimento
Sem precedentes e
Que ultrapassa as fronteiras
De um país que
Quer gostemos ou não
É referência cultural
Inquestionável no planeta
Deixa-me assim
Neste estágio
De expectativa e magia
Entre a profunda Esperança
E a tão sonhada Utopia


Acredito sim
No espírito divino
Que encarna o discernimento
Que faz o trajecto deste homem
Acredito
Na força e determinação
Que o encaminham
E o iluminam neste trilho


Para que
A semente da mudança
Seja lançada
Para que
O respeito e o diálogo
Entre os povos
Sejam uma realidade
Para que
Em substituição da arrogância
Do ignorante belicismo de antecipação
De um capitalismo vergonhoso
Nasça a possibilidade
De um humanismo
Efectivamente solidário e vitorioso

Neste 1º dia do futuro

Eu espero
Eu desejo
Convictamente

Neste dia

Nesta noite memorável

Pela histórica eleição


Deste

Homem ….





Luis Sousa

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sinto-me Desafiado ...


Sinto-me desafiado
Perante o contraditório
Da relatividade subjectiva
Com que vejo desfilar
A leviandade da incoerência


Sinto-me por vezes
Desafiado
Perante os enzimas
Destilados pela subversão
Mascarada e colorida
Por cores
Que imitam a verdade


Sinto-me em permanência
Desafiado pela imersão
Do meu conteúdo
E o saco controverso
E cheio
Desta realidade


Sinto-me desafiado
Pela prova de fundo
Que me contorna
Que me espicaça
E me confronta
No polimento da espessura
Da minha imperfeição


Sinto-me desafiado
Pela distancia entre o abismo
Dos meus sentimentos
E a contracção presente
Das utopias
Outrora projectadas
Por outros elementos


Sinto-me desafiado
Expectante
Vibrante
Por novos
Colossais

E inspiradores


Momentos …..





Luis Sousa

domingo, 2 de novembro de 2008

No Vazio da Luz ....


Viajo na convulsão
Da beleza
Afundo-me no turbilhão
Da incerteza
Caminho na fusão
Das correntes da emoção
Onde sempre encontro
Sinais de orientação


Deixo-me arrastar
Pela sedução e leveza
Entrego-me na singularidade
Das sensações harmonizadas
Que traçam os relevos
Das paisagens
Por mim criadas


Sou pigmentação
Em fotossíntese
No vazio da luz
Sou detalhe marcado
De um sopro veiculado
Por um pensamento
Que não se traduz


Perco-me nos vales
Deixo água
Da minha boca
E marcas de mim
Em esconderijos de ti
Que me deixam sempre
Entre o muito e o pouco


Sou assim
Por vezes
Longe e distante
Sensível e lúcido
Na fronteira que marco
Entre mim
O meu mundo
E o universo dos outros


Quero entender mais
Porque saber
Não será pouco jamais
Vivo em sons musicais
Sento-me na beira da estrada
Penso e admiro a criação
Das elaborações mentais


Sou gesto concedido
Num qualquer desejo
Tal como uma folha
Que voa
No embalo de um suspiro
Elevação ou vento
Que eu sinto
Mas não vejo


Sou assim

Realidade

E alucinação


Num horizonte

Que não decifro


Sempre em contínua



Transformação ….






Luis Sousa