Arquivo do blog

sexta-feira, 26 de março de 2010

A Força Invisível ....







Nos desfiladeiros
Nas ravinas acentuadas
Onde nascem
As sementes da memória
Encontro arbustos
Folhas e raízes
Pedras e rochas maciças
Onde cansado repousei
Do enorme esforço
Causado pela travessia
Das estepes frias e distantes
Onde jaziam
Leitos de rios esquecidos
Cercados
Por areias movediças




Nas nascentes
Nas cascatas
Nos cursos de água
Que alimentam os lagos
Onde as águas reinam
Imponentes e tranquilas
É ao luar
Dos meus pensamentos
Que desfilam
Os cristais arredondados
Que fazem rolar
Cada pedaço
Da minha história




Se acredito plenamente
Na força invisível
Que guia e protege
A áurea dos Mensageiros
Acredito também
Na voz que sussurra em silêncio
Na Luz
Que ilumina por dentro
Sem que os olhos vejam
E no Gesto providente
Que subtilmente afasta
A fatalidade drástica
Que pode emergir
Num qualquer momento




Os factos
As constatações
O deslizar das sensações
Os pontos cardeais
Nunca imaginados
Que na sequencia
De um determinado capitulo
Constroem referências
E bastiões
Que alicerçam Saberes
Cavalos e torres
No tabuleiro exigente
Das vastas resoluções



Mas é a respiração
A fonte mais digna
De toda
E qualquer inspiração
A corrente benigna
Que irriga cada célula
Cada molécula
No desabrochar
Da flor da Inteligência miraculosa
Que se faz brilhante e viçosa
Na cor de cada pétala
Simbiose pura e cristalina
Da relação
Entre a claridade do sol
E o pulsar da terra
Num sorriso grato e sincero
Que cada constatação encerra



São rasgos
De um olhar
Com salpicos
De viagens distantes
Como as ondas crispadas
Que fazem a espuma
Deste imenso
E desconhecido mar



São melodias verdadeiras
Com improvisações
Acústicas entrelaçadas
Criando conexões
Entre o firmamento e o espírito
Onde as estrelas
Por mais longínquas
São deliciosamente alcançadas




Guardo o esplendor
O incenso
Que se espalha ondulante
Em cada sombra do momento



Guardo o sabor
O aroma perfumado
Que permanece
Na catalisação que fica
No colorido ténue
Do mais sublime sentimento



Mas acima de tudo



Guardo



A noção clara e consistente


Que prevalece



Na Magia e na Força






Deste




Precioso Entendimento ….










sábado, 20 de março de 2010

O Silvo do Vento ....







O que eu procuro
Talvez já exista
Nos dias
Ou nas noites
Que anunciam os sons
Das minhas madrugadas


Talvez
O que eu busco
Já esteja lá
No silvo do vento
Que sem me aperceber
Sinto por vezes
A sua presença e o seu sopro
Em cada amanhecer


Talvez seja
Essa coisa inexplicável
Onda indecifrável
Que me impulsiona
E que me eleva
Reafirmando o valor
Residente
Na liberdade do desapego




De certa forma
Essa onda indecifrável
Ajuda-me a reconhecer
Que as horas confusas
Das fortes intempéries
Acontecem necessáriamente
Concedendo espaços próprios
Podendo assim a Alma crescer




Na realidade
De tudo o que acho
Que me faz falta
Eu penso já ter muito
Fazendo assim
Desse substrato essencial
Uma consistência polarizada
Onde convergem
As linhas invisíveis
Que constroem as bases
Que inspiram a propagação
Deste sentido meu




É tudo isso
Que me faz pensar que
Qualquer que seja
O que eu espere do amanhã
A conquista real
A verdadeira
Estou ciente que
É isso tudo
Que já tenho hoje




É essa visão consciente
Apesar das tempestades vindouras
Devo ter presente
No sentido de limpar
A névoa deste olhar
Por vezes intoxicado e poluído
Por uma realidade exterior
Complexa e contraditória




Conversas interiores
Questões
Interrogações e pertinências
Que acontecem
Na vastidão do silencio
Procurando a essência
Construindo e reconstruindo
Elos e cadeias
Farois e lamparinas
Que iluminam
Os labirínticos traçados
Desta viagem
Complementada por ideias
Imagens
Murmúrios e ecos
De capítulos registados


Na verdade
É um silencio purificador
Uma fonte regeneradora
E mais do que nunca
Faz todo o sentido neste contexto
Pois fornece
A necessária profundidade
Distanciada da intoxicação
Da constante consumação
Dos barulhos corrosivos
Afastando os ruídos
Que poluem as coordenadas
Da verdadeira comunicação



Desbravar esses caminhos
Levando mais longe


Buscando
A atitude mais firme
Centrada na essência


Seja essa
A vontade procurada

Seja essa a força
Que fornece
O desejado movimento
Em cada especial momento


Pois a essência é a Vida

E a forma
Como ela passa por nós


Tavez fique escrito


Algures no universo




A forma como



Cada um de Nós



Atravessa o seu Tempo ….









domingo, 14 de março de 2010

Invulgar Alquimia ...







Esta simbiose
Entre a flutuação da melodia
E a sequencia
Dos vários níveis da emoção
Que nos distintos
Ambientes pictóricos
Da imaginação
De forma sublime
Invade e irradia



Esta invulgar alquimia
Esta vertigem
Que se sente a magia
Mas nunca sei o lugar
Da sua
Verdadeira origem



Esta forma singular
De tocar
A neblina da madrugada
Na sua linguagem oculta
Tecendo as linhas
Talvez de linho
Quem sabe
Talvez de seda
Que irão aconchegar
Proteger
A cromatografia
Os capítulos
Os segmentos
Partilhados e lentos
Que fazem a história
De cada dia



Esta forma
Difícil de traduzir
Difícil de explicar
Na alternância dos planos
Deste estar no mundo
Como se estivesse fora dele
Escutando sons
Filtrados pelo tempo
Esculpidos pelo abstracto
Ampliados pelo silencio
Em que se pensam imagens
Palavras
Sentimentos
Emoções e tantas coisas
De cadencia despojada
Ou de intensidade excessiva
Mas sempre enquadrados
Numa interioridade
Sempre extraordinária



Essa forma
Essa linha
Essa curva
Essa espécie de vibração
Composta por uma melodia
Diria ancestral
Que existe em cada Ser
Som base e primordial
Que sem o perceber
Sabe-se reconhecer
Impresso nos genes
Que accionam o arquivo
Da memória dos homens
Lugar esse etéreo
Extensão sublime
Dos ecos das pedras
Ofuscados
Pela humidade indecifrável
Dos lugares ermos
Desconhecidos
E dos abismos



Nessa conjugação
Cuja exploração se torna
Quase divina
E subjectivamente histórica
Observar e escutar o mundo
Observar e escalpelizar os gestos
Purgar os protestos
Racionalizar e reinventar
Novos lugares
Para novos momentos
Para depois os desfrutar
Os repetir
Com tonalidades diferentes
Revelando emoções
Renovando
Inspirando sentimentos



Nesta difusa ondulação
Permanece a tentação
De conseguir
Iluminar os sonhos
Sem alterar a vibração
Sem comprometer
A respiração cósmica
E sem dissipar a claridade
Do universo
Que nos envolve
Que nos direcciona
E sabiamente nos guia




Talvez seja essa



A ilustração


A libertação


A mais pura realidade




Imbuída



Da Mais Nobre Fantasia ….












domingo, 7 de março de 2010

Plasma Profundo ...














No meio
Desta convulsão interna
Que espalha partículas
Onde abundam arestas
Por vezes
Cortantes e luzidias
Deixo-me ficar
Sentado
Neste muro de pedra
Esculpido pela ira do vento
Tento assim proteger-me
Do calor
Abrasivo do momento
Na sombra da árvore
Cujas raízes nascem
Na terra solta e revolta
Em que assentam as bases
Dos alicerces fustigados
Que suportam
O meu pensamento



Sinto-me assim
Forasteiro
De todos os destinos
Estrangeiro
De todos os domínios
Pareço assim transitar
Numa planície
Cujo horizonte se mistura
Com as cores de uma vontade
Ecos de uma qualquer saudade
Que já não sei
Se alguma vez foi minha



É nesta diáspora
Que me fica a sensação
De que há sempre um vazio
Que espreita
Na margem do rio
Numa dissecação
Quase fenomenológica
Que em cada módulo sentido
Parece assim
Conseguir tocar
No plasma profundo
Substancia intrínseca
Onde reside
A continuidade temporal
A argamassa e a mistura
A consistência
Entre o Ser individual
E a fatal circunstancia
Essa matriz única
Que imprime
A geografia interior da existência



Nesta permanente viagem
Cuja intensidade subjectiva
Resvala para um plano
De interpretações e experiencias
Sempre solitárias
Numa órbita de circunstancias
E acontecimentos
Que alteram as coordenadas
Que modelam
A criação mais complexa
Da nossa observação
Perante todos os momentos



Nessa sensação
Nesse ficar
Que por vezes

Esvazia

Descolora

E tira o sal



Ficam somente as pedras


Os búzios


As conchas


As estrelas do mar





Dos Meus Pensamentos ….