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dez. 2015
(18)
sábado, 26 de dezembro de 2015
Desejos
São gotas de orvalho
Em desfiladeiros escondidos
Fórmulas de sonhos
Em planícies floridas
São riachos
De pensamentos líquidos
Curvas de desejo
Que se guardam no tempo
São vertigens
Vapores inebriantes
Descobertas alucinantes
Que eu em ti invento
Luis de Sousa in “ Desejos “
Em “ Poemas Rasgados “
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Máscaras
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Eu, criança
Em criança, inventava odisseias
Contemplava o céu
Na cinza das nuvens
Emergiam
Contornos de deuses
Tecia viagens
Via miragens
Era sopro
Suspiro leve de vento
Assim eternizava
O lastro
Do meu tempo
Depois,
Edifiquei o corpo
Somei idade
Caiu a inocência
Daquela liberdade
Agora,
Nestes dias que já são outros
Ainda guardo na mão
A eterna ranhura
Aquele feixe de luz
Que me inspira
Luis de Sousa in “ Eu, criança “
Em “ Poemas rasgados “
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Woman
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Palavras
Palavras
São silhuetas
Que se acendem
Nas inúmeras viagens
Do meu pensamento
Não querendo perdê-las
Escrevo-as
Guardo-as
Em pequenos instantes
Dos meus sentidos
Nessa simbiose
Nessa lava
Nessa erupção
Abrem-se caminhos
Inventam-se trilhos
Que me descobrem
Na curva
De um qualquer momento
Luis de Sousa in “ Palavras “
Em “ Vozes que vêm de dentro “
sábado, 19 de dezembro de 2015
Dissertações
De repente
Dei-me conta
Do meu alheamento
Olhar perdido no firmamento
Encontrava-me na penumbra
Envolto em dissertações
Encruzilhadas
De vagos pensamentos
Coisas minhas
Imaginando melodias
Aprofundamentos
De outras vias
Divagando
Consolidando enredos
Uma espécie de mago
Criando
Suas próprias alquimias
Luis de Sousa “ Dissertações “
Em “ Vozes que vêm de dentro”
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Na Órbita do Mundo
Yasmin estava desolada, durante três dias não saiu de casa, o mundo parecia ter perdido as suas cores, e não havia nada que fizesse acender qualquer estrela no seu coração.
Isaac Farouk, abraçou-a, e durante algum tempo assim permaneceram juntos, unidos pelo maior laço de todos os amores, aquele milagre vitalício, que enlaça pais e filhos.
Com a sua voz calma e serena, disse-lhe;
- Minha filha, a maior armadilha de todas, é a armadilha da desilusão, quando esperamos dos outros, o preenchimento dos espaços vazios que habitam a nossa morada.
Esses espaços vazios são só nossos e de mais ninguém, são como mares revoltos onde aprendemos a nadar.
Com as braçadas do tempo, vamo-nos tornando seres salinados e aquáticos, como peixes ou estrelas-do-mar. Esses mares outrora revoltos, parecem reconhecer-nos, tendo assim tendência a acalmar.
Palavras sábias que Yasmin bebeu, como se aquela água pura e límpida feita de palavras, fossem gotas miraculosas, que por vezes salvam a vida de um qualquer naufrago.
Para Yasmin, a vida começara a mostrar-lhe outras faces, a realidade impunha-se cada vez mais, e de forma cruel e avassaladora, essa realidade ia conquistando dia a dia mais espaço à utopia dos seus pensamentos. O mundo ia deixando de ser o jardim encantado que foi construindo e criando na sua imaginação, mostrando as suas farpas, as suas incongruências, e todas as suas contradições.
Luis de Sousa in excerto de " Na Órbita do Mundo"
em " Vozes que vêm de dentro"
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Oásis
Neste lugar, invadem-nos coisas simples, imagens primordiais, sinais, expressões e profundidades, abrindo as portadas da contemplação, convocam-se assim olhares demorados, pausas intencionais, degustação dos instantes, e no espelho sereno acontecem apaziguamentos, anunciado prenúncio de tréguas interiores.
Luis de Sousa in excerto de " Oásis "
em " Vozes que vêm de dentro "
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Procurando-me
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Para ele, o seu mundo carecia de mais tempo para que ele pudesse escutar os ecos das palavras entrelaçadas no sopro do vento, e nunca se perder de ser criança ao viver neste momento presente pautado por sinais de paraíso, porque era rodeado de amor e de afetos que lhe permitiam suavizar a inquietude frisante dos dias.
Luis de Sousa in " Porquê Pai "
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
O Voluntário da Solidão
Nesta sua opção de vida, penso que alcanço o horizonte das suas margens, na serenidade estabelecida com que tece os fios dos seus dias, preferindo a companhia das árvores, escutando o som aflautado do cantar dos pássaros, molhando as suas mãos nas gotas de orvalho que salpicam a folhagem, contemplando a beleza dos cogumelos como pequenos guarda sois que irrompem do chão, observando os animais que acostumados, já não estranham a sua presença, e com ele se vão cruzando pelos caminhos que a floresta inventa.
Talvez, ele tenha despertado e conquistado um reinado distante e longínquo, entrelaçando parcerias com os elementos, aprendendo a falar o dialecto silencioso das pedras e das plantas, descodificando os infra sons que preenchem e ecoam no reino dos animais, e escutando as vozes ancestrais que pairam na neblina suspensa nos lagos e nos riachos.
Enquanto escrevo estas palavras, estará ele num qualquer recanto do bosque, fazendo e cumprindo a sua vontade de ser solitário, registando no seu espírito e na sua alma, os pigmentos raros adornados por sentimentos únicos, só acessíveis aos que ousam, em comunhão com a natureza que o protege e o envolve, tentando todos os dias e todas as noites, tocar a verdadeira dimensão da sua escolha, e da sua liberdade.
Luis de Sousa in excerto de " O Voluntário da Solidão "
Capítulo inspirado na história verídica de Carlos Sanchez Ortiz de Salazar .
Nota:
“Carlos Sanchez Ortiz de Salazar tem hoje 46 anos. Aos 29 acabara de se licenciar em Medicina em Sevilha, Espanha, quando saiu de casa e nunca mais apareceu. As investigações policiais sem qualquer sucesso acabaram por concluir que o homem estaria morto. Agora, passados 17 anos Carlos Sanchez foi descoberto a viver como um eremita num bosque em Scarlino, uma pequena localidade da Toscana, no centro de Itália. Os pais de Carlos Sanchez viajaram já para Itália para tentar localizar o filho. Mas não vai ser uma tarefa fácil, pois depois de ser localizado e identificado, o homem voltou a desaparecer e não há sinal do seu paradeiro há 15 dias. Testemunhas dizem que o homem habitava numa tenda de campanha há vários anos e que sempre foi pacífico, mas sem comunicar com as outras pessoas.”
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Aquela Nossa Praia do Indico .
A praia era só nossa … no espaço daqueles entardeceres tudo ali era só nosso, éramos os reis do oceano e do deserto branco que nos cercava , sentíamo-nos donos daquele firmamento , inacessíveis e intransigentes a qualquer preocupação, dor ou sofrimento , pois isso eram coisas ausentes do nosso pensamento .
Depois, já cansados pegávamos num balde ou num saco, e partíamos para o confronto com as ondas que rebentavam aos nossos pés , salpicos com sabor a sal pingavam a nossa boca a cada gargalhada , e em cada onda que vinha e na sua rebentação mais fragmentos de magia aconteciam , pois traziam pequenas ameijoas que apressadamente se enterravam na areia para um novo ciclo, e nós atentos com os calcanhares prontos fazíamos covas circulares e resgatávamos uma a uma, e assim enchíamos o nosso balde e o nosso saco .
Nessa noite o jantar era feito do peixe fresco pescado naquela tarde, acompanhado de um arroz de amêijoas magnífico que mais uma vez nos lembrava de como era única e maravilhosa aquela nossa praia …
Lembram-se ?
Luis de Sousa in " Aquela Praia "
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
DESÍGNIOS
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Zafira
As Palavras dela ;
Agora, nestes meus dias, só existo eu e a minha família, a minha participação no mundo onde existem os outros é cada vez menor, esta será talvez uma oportunidade, uma outra fase de reinvenção de mim mesma.
Tal como a terra, a sismologia do meu destino, tem sido feita de ajustes e erupções, e a lava não arrefece, ela está sempre em movimento.
Sinto a falta dos meus pais, sinto a falta de Zaci Omar, esse meu sábio e distinto avô, que pelas palavras simples tanto me ensinou.
Muitas vezes quando estou sozinha, algures nesta cidade europeia, onde tudo é brilho, movimento e glamour, deixo-me escapar por entre a multidão, tornando-me uma sombra esquiva, viajante de mim mesma.
Nos sons das viaturas que circulam, nos transeuntes, nas vozes e gargalhadas que preenchem os espaços, desenraízo batuques e dançares onde os vultos que vejo, ondulam em sensualidades, num rufar crescente e profundo dos tambores que só eu escuto, estremeço-me, com o calor de insanidades felinas que me invadem.
Fico possuída por mim mesma, tomo posse dos meus instantes, do lugar onde estou, e da plenitude do universo.
Onde existe luz resplandecente da cidade, eu vejo moto wa sherehe za kale, como diziam os nossos asili, são fogueiras de rituais animistas, formas ancestrais de devota gratidão, às árvores, aos animais, aos rios, à terra e a toda envolta natureza que nos sustenta a sobrevivência, o alimento, e o desfrutar da vida.
Passado algum tempo, regresso sempre ao mundo de todas as realidades, ao meu dever de esposa e de mãe, à necessidade de continuar desenhando e construindo o nosso destino, na companhia de Kuat , meu bondoso marido, de Zaki e Zarina, meus filhos, que nos alimentam a alma, na vital e incomparável importância, da sua presença e companhia.
A minha família, é o meu lugar e o meu abrigo, onde me deixo Ser sem receios.
É também o lugar onde os afetos e o Amor se cruzam, sustentando-me, e ensinando-me muitos Saberes.
Luis de Sousa - Excerto de " Zafira "
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
A última Estação de alguém
A ÚLTIMA ESTAÇÃO DE ALGUÉM
A ausência do afago
É roupa que visto
Nestes dias
Que já são sempre
No meu fraco andar
Já não sei
O passo certo
Nestas voltas
Que já são poucas
Vejo a morte
Como solução
De um estar
Já sem verdade
Neste pensamento
Encontro um lugar
A única paz
Que posso reconciliar
Luis de Sousa
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Sentimos a Vossa falta .
Hoje, logo pela manhã
vi na televisão um anúncio de Natal.
A Vossa imagem
invadiu todos os espaços.
A saudade e as lembranças
de tantos Natais,
de tantos momentos,
foram brotando
como cascata de um riacho
na minha memória.
Meu Pai, minha Mãe e meu Irmão,
só para dizer,
que sentimos a Vossa falta.
Divago nos meus pensamentos,
e imagino-Vos juntos, caminhando
pelas planícies da eternidade.
Talvez seja a minha imaginação
que na sua astúcia,
me tente consolar por dentro.
Meu Pai, minha Mãe e meu Irmão,
só para dizer,
que sentimos a Vossa falta.
Luis de Sousa
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Em Zafira, fluíam dois mundos, um mundo europeu, na vertigem do consumismo, da instabilidade económica, do desemprego, do terror e do medo.
E um outro mundo de uma aldeia africana, despida de progresso, distante, mexendo dentro dela, onde a vida se mede pela lisura do dia e pelo arredondado da noite, pela natureza circundante, pela estação seca, pela reza das chuvas, e pela dureza da vida.
Luis de Sousa, excerto de "Zafira"
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