Arquivo do blog

sábado, 12 de dezembro de 2009

Ingrata Insatisfação ...







Meter as mãos
Dentro do saco
Onde gira o turbilhão
Dessa espiral que sente
A força do vento
Polvilhada
De folhas secas
Esverdeadas
De cores neutras
Que confirmam sinais presentes
Já tão permanentes
De uma normal insatisfação


Saber o porquê
Dessa forma quase ingrata
De reconhecer
Que a avaliação da prestação
Com que se define
Uma qualquer vontade
Ou uma possível ambição


Não se mede
Num espaço de um ser
Que corre atrás de uma chama
Que já sente ter
E no exercício matinal
Não casual
Físico e mental
Talvez já habitual


Pista paralela que corre
Revive a inocência
De um tempo guardado
Mas ao que observa
Seu paradeiro
Lugares
Arvores e suas raízes
Parece já desconhecer
Como de facto era o cheiro
Desse longínquo amanhecer



Meter as mãos
Dentro desse buraco
Procurando
Prazeres invisíveis
Chocalhos tocantes
Chocantes
Que o risco valham
A leveza pluma
Ou o suster da pena
Que o mundo dos limbos
Mundo dos sábios loucos
Se façam então
De corredores amplos
Cantos recatados
Labirintos perfumados
Onde nenhuma lei condena


Essa vontade
Essa vontade tremenda
De sugar cada pingo
Saborear cada gota da vida
Na liberdade justa e plena
Da essência do significado
Arbítrio puro
Desejo livre
Docemente autêntico
Numa cordilheira infinita
Esquecendo tudo
Aniquilando por completo
Todos os instantes mal gastos
Numa tal dimensão
Onde cada minuto é rubro
Cada ínfimo segundo
Fosse reconquistado
Magicamente
Vontade vivida
De uma forma única
Gulosa e tranquila
Fluida e desmedida



Nessa vertigem sublime
De verdadeira expressão
Onde se inspiram e se degustam
Notas tonais do paladar
Aromas e taninos
Que causam o prazer de poucos
No vapor endiabrado da vida
Linhas luminosas nascem
No enredo da bruma
Nevoeiro ténue esse
Que guarda e protege
O núcleo dos valores nobres
Indicadores assertivos
Estrelas cintilantes
Que embelezam com requinte
A intemporalidade do olhar
E do sentir da Alma




Existem coisas
Acontecem sequências
De tantas outras coisas
E na reflexão das razões
Elas tornam-se inexplicáveis
Porque os enredos
São feitos de sedas invisíveis
Construindo padrões peculiares
Fomentando assim dedicados olhares
Confirmando-se o pressentimento
Dessa vigência maior
Cada retalho
Cada pedaço
Encaixando no seu preciso lugar
Provações irregulares
No segmento do tempo
Oscilações
Próximas e distantes
Formaturas conjunturais
De alguns solitários viajantes



Mete-se as mãos
No fundo do saco
Em contra mão
Buscando sentidos
Que impludam os ecos
Dessa ingrata insatisfação



Sente-se a presença
Não se sabe nunca
Qual a sentença
Pautam-se pelo silêncio
Flutuam
Na proximidade da respiração
Tocam a alma da pele
Demonstrando ousadia
Presença
Mesmo na aparente ausência
Comunicam
Nos mais imponderáveis momentos
Na curva de um sonho
No desalento de um dia
Na insónia de uma noite
Mas na verdade
Deixam delicados silvos
De valorosas
E subtis mensagens


Sinais do invisível


Anjos


Mensageiros

Que nos sopram brisas

Codificações destintas

De outros caminhos


Para

Outras Paisagens ….