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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dúvidas no Caminho ...







Confronto-me
Nesta escarpa
Da dimensão humana
Onde tudo carece
De contornos claros
Que promovam o sentido
Neste labirinto de casualidades
Quase sempre ladeadas
Por paisagens
Constantemente revisitadas


Na experiencia do passado
Mergulho na tentativa de
Consignar alicerces
Estruturas flexíveis
Na estabilização do presente
Mas do futuro nada sei
Na convulsão que se mostra
Permanente e sem fim
Neste oceano agreste
Em que sou um ilha
Situada a noroeste
Cujas pontes
Vitimas das agruras climáticas
Se tornaram frágeis
Tento assim assimilar
E parar um pouco
Para pensar que talvez
O presente não é mais
O herdeiro do ontem
Nem está ele sujeito
Ao genes do amanhã



Nietzsche dizia que
O único tempo real
É o presente
Ponto de encontro
Entre o passado e o futuro
Sendo prudente
Fertilizar o primeiro
E produzir o segundo


Será ?
Posso aceitar tudo
Quando da dimensão humana
Se reveste esta reflexão
Acontecendo por vezes
Nas horas quentes e fervilhantes
Das minhas insónias
Relembrando fragmentos
De um longo caminho trilhado
Debruço-me sobre o presente
Tentando por vezes
Imaginar o futuro
Numa missão impossível
Que me remete
A uma consciência crua
Onde subsiste
A total fragilidade de tudo
E mesmo assim
Continuo tentando
Encontrar o sentido
Neste traçado
Até hoje conseguido
Mas neste processo
Feito de presente e passado
Sobressai aquele amargo
Sabor deste desassossego
Com que não consigo
No mar contraditório
Deste transtornado oceano
Decifrar o futuro


Mas algo de repente
Me acalma
De certo modo
Consola-me a alma
Porque do outro lado
Desta ilha de mim
Surge aquela sensação
Que me faz acordar
Consciencializando-me que
O sentido da vida humana
Não se faz nunca
De uma só vez
É algo em construção
Conquistando vagas tempestivas
Provocando convulsões emotivas
Por vezes
Perdendo a noção das expectativas
Estando sim direccionada
Para possibilidades
Contextualizadas
Possíveis
Reajustáveis
Numa constante alternância
Entre o avanço e o recuo
O sucesso e o fracasso
Entre coragem e prudências
Hesitações
Sinais de inteligência
Excessos e ousadias
Fazendo parte deste percurso
Em que como humano
Estou constantemente sujeito
A todo o tipo de conjugações
Inter pessoais
Interpretações condicionais
E todas as demais
Interferências exteriores residuais


Viver nesta cadeia
De elementos mutáveis
Tentando manter erguida
As cores da bandeira
Feita de sentido
Construção e crença
Com os quais sem ela
Não somos mais o que somos
Confronta-nos
Com a solidez dos patamares
Do edifício da nossa construção
E remete-nos
Para a uma das maiores batalhas
Com que nos podemos envolver

A lucidez e a verdade
De quem julgamos ser

E a luta que nos assalta
Vestida de dúvida

Se iremos na realidade
Perante os factos que nos cercam
Conseguir

Esse sentido

E essa Vontade


Sempre Manter …