Arquivo do blog

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Recheio da Coincidência ...





Pergunto-me a mim mesmo
Se a estrela que me ilumina
Sabe realmente
Qual a dor das pedras
O cantar das folhas
E qual a dose certa
Da efervescência
Que desenvolve o ar
E a consequente
Explosão das bolhas


Pergunto-me
Tantas coisas
E muitas perguntas se perdem
Nos túneis
E nas vagas ocas
Muitas questões se espraiam
Na foz das razões
Que não são poucas
E tudo o que envolve
A protecção do núcleo
Tem o condão de serem
Incrustações de coroas
Laminadas de pétalas quentes
De uma realidade sempre
Em permanente combustão


Se os anos da minha
Saudável loucura
Fermentada numa vivencia
Inesquecível
Onde os sabores impregnados
Ainda coexistem
Na constelação das estrelas
Que iluminam o meu chão
Dando assim o tom certo
Da tonalidade inspirada
Momentos esses
Que fazem a melodia
De uma codificada extensão
Encriptada entre notas
Grito solene
Marca da minha canção



Olho em redor
E guardo
No meu pensamento
Cristais de quartzo
Que protegem as sementes
De um inquebrável sedimento
Porque na verdade
A escadaria que sobe
Que permite contemplar
O véu do horizonte
Numa fantasia imaculada
Sabe qual a tensão do fole
Que sustenta e desenvolve
A sabedoria
De uma intuição sagrada


Nesta galáxia complexa
Onde tudo acontece
E a sopa do acaso
Recheio da coincidência
Que exala e fumega
E que jamais arrefece
Desenlaço as cordas do espírito
Solto o bicho em mim
E alimento-me
Nos cantos e labirintos
Do teu corpo



Escuto ecos dos gemidos
Teus arrepios profundos
De evasão e prazer
Com que veneras o meu fogo
E invades de diabrura
Todo o meu ser
Nesta fuga que procuro
Nesta ânsia de sentido
De uma febre que necessito
Num grito surdo e mudo
Realidades e sonhos
Que na corda da vida
Eu tento tecer



Talvez sintas
A estranheza dos momentos
Em que por vezes me distancio
E viajo numa espécie de nave
Onde só existem duas coisas
A minha divagação
E a expressão silenciosa
Que em mim se desenvolve
Na captação dos sentidos
Nesta demanda
Que não posso conter



Não é meu propósito
Aqui neste contexto
Dizer algo que seja
Moldura do pretexto



O que aqui digo

É algo que está escrito

Nas pedras da calçada

No asfalto da estrada

Nas entre linhas


Nas algas do pensamento




E no sal
Do Nosso Texto …