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domingo, 24 de janeiro de 2010

Dúvidas do Destino ...







Na dissipação do olhar
Que tenho vindo a presenciar
E que me ultrapassa
Há que continuar sempre
Sem parar
Tentando não dar
Demasiada importância
As oscilações menores
Que talvez não merecem
Nenhum esforço extra
Para seus motivos descortinar


Esta voz que escuto
Aqui dentro
Parecida com a minha
Que vem de algum lado
E que eu nunca soube
De onde vinha
E que desde sempre
Emergiu silenciosa
No meu pensamento
Tomando o som
Tornando-se sonora
No folhear de cada página
Desta coisa incerta
De que é feita
Cada minha descoberta




Regressa agora
Numa frequência diferente
Tal Espírito omnipresente
Que no deslizar dos dias
De certo modo me tranquiliza
Mesmo que na envolvência
Desta bruma
Cuja clareza é sua ausência
Que cobre os passos que dou
E que na tomada do pulso
Subtilmente tudo ajuíza



Não quero saber
Dos acasos
Não quero saber
Das probabilidades
Que geram os embriões
E que tecem as teias
Que cobrem os olhos
Deslocando
No tabuleiro das opções
Onde se lançam os dados
De todas as possibilidades



Não quero saber
Dos jogos do destino
Que gerem as confluências
Nem de ilusões
Que escondem necessidades
E lugares onde fervilham fragmentos
De um universo sensível
De incisivas carências



O que quero
Está na minha mão
Nos traços
Que desenham figuras
De premonições futuras
Inúmeras pegadas
Ainda por marcar
Montanhas íngremes por escalar
E algumas referencias
Que continuam ditando
As paisagens que vejo
A liberdade plena nas cores
O esplendor soberbo da natureza
O verde das plantas
As tonalidades do céu
E a infinita diversidade
Das mais belas flores



Tento assim preservar
Este mundo pequeno
Desenhado pela minha mão
De cada escolhida escolha
Tentando aproveitar o tempo
Deste ínfimo e volátil momento
Onde o presente se esfuma
Num futuro incógnito
Que se esconde por detrás
Deste manto fumegante
Preenchido
Pela humidade da bruma


Sinceramente
Há coisas que custam
Há coisas que parecem inofensivas
Mas que mexem com tudo
Com o sedimento depositado
Sacramentado
E construído no fundo


E perante isso
Hoje já não sei


Se as fronteiras
Que assumi e aceitei


Merecem realmente
Tudo o que dei


Mas os dados estão lançados


Observar e dar
Tempo ao tempo


Porque de momento



O que julgava
Inexpugnável e definitivo




Sinceramente



Hoje


Eu já não sei …