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sábado, 21 de março de 2009

Zonas Neutras ...


Quanto mais caminho
Por estas vias que pressinto
Mais são os sons
Que das pedras quentes e mudas
Sem esperar
Eu escuto
Ecos e estilhaços
Destes quebrados tempos
Numa frequência
Que está para além
De todas expectativas


Nesta vastidão
De luzes e sombras
Que de forma sequente
Por vezes fazem
Semi-cerrar
Estes meus olhos
Tentando estabilizar as tais
Zonas neutras
E assim serenar
Essenciais entendimentos


Quanto mais pressinto que
Na dobra do caminho
Irrompe repentinamente
A força indomável do vento
Chamo a mim
Aquelas partículas mágicas
Pendulares do tempo
Que o pó acumulado
Na minha Alma tatuou
Pinturas e imagens
Que a cada passo transformaram
Guerras e batalhas
Em paisagens serenas
Profundas
Prenhas de alento


Daí a diferença
A beleza que me fascina
Está muito para além de qualquer
Padronização estabelecida
Assim eu insisto
Que a beleza que me fascina
Está mesclada na linguagem
Que se entranha e se espalha
Na superfície arenosa
Da minha Alma
Minha cumplice paisagem


Nesta vastidão imensa
Das coisas puramente aleatórias
Certamente que por vezes
Sucessórias
Cada vez mais eu sinto
A vibração do vazio e do nada
O silencio surdo de uma erupção
Inesperada
Provocada por uma simplicidade
Incendiada
Sentindo eu
Uma satisfação indecifrável
Dira eu que abençoada


São brisas de zonas neutras
Que podem chegar

Na calada

De uma manhã

De uma tarde

De uma hora qualquer



Ou na calada de uma


Silenciosa
Madrugada …..