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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Máscaras Desconexas ....


Cá estamos novamente na toada
Normal da vida diária …

Portugal foi afastado pela Alemanha ,
No campeonato europeu de futebol ,
Após a euforia inicial que já se tornou normal ,
Voltamos ao planeamento sempre inicial ….

Acabou a festa , começamos então a descer
À realidade do dia a dia ,
Pois agora sente-se mais de perto a crise ,
O aumento dos combustíveis ,
E toda uma infinidade de motivos e razões ,
Para observarmos novamente na rua
Os olhares cinzentos e algo desnorteados ,
De grande parte dos que connosco se cruzam …

Acabado o prazer efémero
De um pequeno sonho colectivo ,
As mentes alienadas ,
Que por alguns dias esqueceram as dores
Das suas vidas , regressam ao cativeiro
Das suas emoções , contando de novo
Todos os tostões , nesta luta diária
Pela sobrevivência básica …..

Confesso que começo a estar farto
De tanto olhar cinzento ,
De tanto drama emocional ,
Que observo em cada direcção ,
Do meu horizonte visual ….

São os amigos que choram
Silenciosamente a insatisfação surda
Da rotina da vida , na procura de alentos
Motivadores que agitem os dias ,
São os conhecidos de aqui e dali ,
Que nos seus dramas pessoais ,
E nos amores perpendiculares
E de efeitos particulares ,
Se enclausuram ,
Guardando nas suas palavras tímidas ,
Acenos , dores , sofrimentos e despedidas ….


São os desconhecidos transeuntes ,
Nas suas mascaras desconexas ,
Sofridas , de olhares desconfiados ,
Derramam suores e lágrimas
Nos sulcos transversais ,
Criados pelos seus gestos incógnitos ….


Realmente começo
A estar farto de tanto cinzento ,
Num mundo onde
Os verdadeiros dramas ,
Se escutam ao longe ,
Onde Mães procuram desesperadamente ,
Migalhas no chão poeirento ,
Para alimento dos seus filhos moribundos ,
Aqui nesta Europa dita desenvolvida ,
Eu começo a estar farto
De tanto olhar cinzento ….

Ninguém consegue estar imune
Aos salpicos da chuva ácida ,
Ninguém consegue ignorar
A água poluída que rega
A horta do vizinho ,
Ninguém consegue sentir
A textura flácida de um porco espinho ….

Olho para tudo isto ,
E pergunto-Me ,

Onde está ???


Onde está o resultado
Dos anos aprendidos da história ?

Será que estes são os traços ,
De um destino sem glória ?

O tempo passa ,
Cada vez mais rareia o sorriso
Espontâneo e aberto ,
Cada vez mais se desconfia
De um gesto amigo e sincero ,
Cada vez mais se desconfia
Da amizade e do sentimento ….


Começo a estar farto ,
Destes olhares ,
Que vivem
Nos seus mundos difusos ,

De actos desconectados

E cinzentos …..









Luis Sousa