Arquivo do blog

domingo, 15 de novembro de 2009

Verdade Oculta ...






















Jogou no inicio da década
Em Portugal
Num clube rival do meu
E pelo que ouvi
Dedicou-se sempre
À protecção
Dos animais abandonados
E a outras acções sociais


Estava agora
No seu auge profissional
Estando certo que
Representaria a selecção alemã
No próximo mundial


Quando sabemos que alguém parte
Deste mundo dos “vivos”
Por doença ou por acidente
Certamente lamentamos


Mas quando sabemos que
Alguém parte
Por decisão própria
Aos 32 anos de idade
No auge da sua carreira
Somos como que arrebatados
Da nossa rotina
Abanados
Acordados em choque
Das nossas mundanas vidas
E assim forçados
A reconhecer a complexidade
E a fragilidade
Desses supostos laços
Que julgamos serem eternos
Indestrutíveis
E que nos ligam às pequenas janelas
Deste nosso pequeno mundo


Posso dizer que
Durante a ultima semana
Apesar de uma vida profissional
Intensa e exigente
Desde o fatídico dia de terça –feira
10 de Novembro de 2009
Numa qualquer esquina do dia
Ou da noite
Na confusão do transito
Ou no regresso a casa
Sentia sempre algo estranho
Sabor amargo perturbador
Ácido corrosivo desse choque
Ao escutar comentários noticiosos
Sobre esse Senhor Robert Enke
Que na tarde (19 h ) desse dia
Se havia suicidado
Deixando-se atropelar
Por um comboio



Na depressão invisível
Que se esconde na face
E na verdade oculta
Que habita os bastidores
De um qualquer rosto humano
Seja ele ou não
Determinado e sereno
De um qualquer simples homem
Por vezes
Existem tormentos mudos
No seu interior complexo
Não verbalizados
Que se derramam lentamente
Nos montes e vales
Sulcos do tempo
Relevos da uma alma vincada
E que em certo dia
Desaguam no leito surdo
De uma já decisão tomada



Perante factos como este
Que nos invadem de dúvidas
Provocando inúmeras interrogações
Bloqueiam e degradam algumas
Das brisas suaves
Que ainda habitam a nossa alma
E o porquê das coisas
Esvai-se no seu relativo valor
Tal como a eventual
Força do amor
O prazer e o alívio
Encontrado no sexo
O elo das relações familiares
E as conexões exteriores
Que sabemos tantas vezes
Não fazerem qualquer nexo
E dentro dessa utopia
Que queremos tanto viver e sonhar
Espumas das ondas deste imenso mar
Onde por vezes duvidamos
Se realmente
Sabemos ou não nele navegar



É esta imagem verdadeira
Que se insurge por vezes
Sentindo
Que ela existe oculta
Escondida e entranhada em nós
Nas pessoas que conhecemos
Em alguns dos rostos anónimos
Com que nos cruzamos
Nas almas mais verdadeiras
Mais justas e sensíveis
Que na assimetria decadente
Das incongruências impostas
Se recusam a continuar a luta
Assumindo a decisão deste ultimo gesto




Reconheço que
Tudo gira e orbita na relatividade
E na subjectividade dos elementos
E que por ventura
Nada sabemos da vida
Nada sabemos
Do antangonismo das coisas
Que nos acompanham
Na orla marginal das nossas vidas
Como que
Precisassem ser amadurecidas
Para que aos nossos olhos
Os valores materiais
Os actos superficiais
Os prazeres da vida
O amor dedicado a alguém
Uma carreira vocacional
Guia da nossa estrela solar
Façam na verdade algum sentido



No choque
Dessa infeliz noticia


Cuja dor em mim ficou
Por alguém
Que pessoalmente não conheci
Mas que na tela televisiva
No verde vivo do relvado
Inúmeras vezes o vi


Obrigou-me assim
A esta tentativa de equação



Cuja angustia acontece
Numa tão indefinida emoção



Que ao longo destes dias


Por vezes


Tem sido visita imprevisível

Resultado esse
Desta Minha Reflexão …