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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Os Famintos ( excerto)



(...) Para haver vida, é necessário digerir a água e lavar os olhos,
vibrar as cordas de todos os sentidos, dar aso à cascata, que é só o tropeço, o passo esquecido desse rio profundo das emoções.
Desejar e sentir, que tudo isso aconteça, até que dentro do nosso corpo, anoiteça.
Talvez sejamos só invólucros, peças cambiantes feitas de tecidos orgânicos,
transportando ferramentas, que são pensamentos, sonhos, vontades erguidas, asas caídas e desilusões.
Tudo isto é mergulho, entulho e convulsão em cada estágio, seguido de continuidade, que se torna planície, depois a escada, de uma outra etapa.
Mas continuamos, apesar dos sorrisos, dos acenos, dos gestos cativos, por vezes até felizes viajando no dorso de uma ave, outras, caminhamos imbuídos de uma coisa intratável, inexplicável, talvez perdidos, tremendamente sozinhos e solitários.

Luis de Sousa in excerto de “ Os Famintos “