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domingo, 3 de outubro de 2010

Este Silencio ....






Este silencio
Que vale mais
Que todas as frases
Que sobrepõe-se
A todos os pensamentos esculpidos
A todos os travos amargos
A todos os actos declarados
E a que todos os desejos inibidos


Este silencio
Que traduz os voos esquecidos
Que se exprime
Em dialecto desconhecido
E que é o eco contido
De algo profundo
Que perde o seu sentido


Este silencio
Que é fruto de tantas coisas
Antigas viagens
Vertiginosas romagens
Auto-estradas
Rápidas e sinuosas
Para as mais elevadas paisagens


Este silencio
Que representa o fio quebrado
A circunferência
Das vontades e dos sonhos
Que se transformam
Cada vez mais
Num deserto árido
Cada vez menos resguardado



Este silencio
Este cansaço de tudo


Esta nave
Esta carruagem
Este passageiro clandestino
Que habita
Um corpo conturbado


Esta voz surda
Esta saturação
Que por vezes excede
Todas as componentes da razão


Esta estrada
Prematuramente cansada



Esta colheita

Que nas mãos


Parece



Já não deixar nada …..