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domingo, 7 de março de 2010

Plasma Profundo ...














No meio
Desta convulsão interna
Que espalha partículas
Onde abundam arestas
Por vezes
Cortantes e luzidias
Deixo-me ficar
Sentado
Neste muro de pedra
Esculpido pela ira do vento
Tento assim proteger-me
Do calor
Abrasivo do momento
Na sombra da árvore
Cujas raízes nascem
Na terra solta e revolta
Em que assentam as bases
Dos alicerces fustigados
Que suportam
O meu pensamento



Sinto-me assim
Forasteiro
De todos os destinos
Estrangeiro
De todos os domínios
Pareço assim transitar
Numa planície
Cujo horizonte se mistura
Com as cores de uma vontade
Ecos de uma qualquer saudade
Que já não sei
Se alguma vez foi minha



É nesta diáspora
Que me fica a sensação
De que há sempre um vazio
Que espreita
Na margem do rio
Numa dissecação
Quase fenomenológica
Que em cada módulo sentido
Parece assim
Conseguir tocar
No plasma profundo
Substancia intrínseca
Onde reside
A continuidade temporal
A argamassa e a mistura
A consistência
Entre o Ser individual
E a fatal circunstancia
Essa matriz única
Que imprime
A geografia interior da existência



Nesta permanente viagem
Cuja intensidade subjectiva
Resvala para um plano
De interpretações e experiencias
Sempre solitárias
Numa órbita de circunstancias
E acontecimentos
Que alteram as coordenadas
Que modelam
A criação mais complexa
Da nossa observação
Perante todos os momentos



Nessa sensação
Nesse ficar
Que por vezes

Esvazia

Descolora

E tira o sal



Ficam somente as pedras


Os búzios


As conchas


As estrelas do mar





Dos Meus Pensamentos ….