São tantas as palavras
Que clamam
No fervilhar do caldo
De revoltas ideias
Mas está difícil desenrolar
Desatar o novelo
Que na planície do espírito
Pende com fios
Decompondo o enredo
De algumas teias
Não sei falar
Utilizando códigos e enigmas
Daí por vezes confronto-me
No pulsar térmico
Da minha subjectividade
Com a necessidade
De muito mais céu
De muito mais chão
Para poder
Fazer voar e correr
O vulto do meu espectro
Com muito mais liberdade
No elaborar dos significados
Que reflectem os quadros
De variáveis observações
Produtos inacabados e complexos
De viagens e reflexões
Dou por mim
Desbravando
Sobrevoando áreas
Zonas recônditas
Inóspitas
Glaciares
De sombreados azuis
Estreitos sombrios
De fluidos derramados
Poderei eu folhear
Descrever
Os sulcos e imagens
Que os pensamentos
Imprimem em tais caminhos ?
Pois
No espasmo do botão verde
Que se contorce de dores
No acto sequente
Do momento seguinte
Em que emerge
O nascimento da flor
Contem-se o movimento
Repensa-se o gesto
Enrola-se o subscrito
E guarda-se no baú do tempo
Como se fosse
Uma jóia de valor
Das coisas ditas
Tocam-se as mãos
Acarinham-se os gestos
Incendeiam-se corações
Elevam-se desejos
Dedilham-se acordes
Efeitos de alucinações
Das coisas não ditas
Projectam-se pontes
Arquitectam-se monumentos
Areias e pedras
Dos meus pensamentos
Cercados por paisagens desertas
Oásis perdidos
Guardados por mensageiros
Combatentes destemidos
Gladiadores de outros tormentos
Não sei
Como se mede a distancia
Entre o choro de uma árvore
E os vãos de lugares
Agora vazios
Onde se escutam
Arrepios e sons
Agudos e graves
Ecos
De inúmeras realidades
Tento assim assimilar
Compreender
Talvez um dia
Esses códigos
Decifrar …..