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terça-feira, 14 de julho de 2009

No Lastro Profundo ...







Num dado momento
Em que
Sentiu na sua pele
O arrepio do vento
Nada mais fez que
Parar
Algo surpreso
Na borda
Do seu caminho
Deixou-se estar


Sentiu que
No lastro profundo
Do seu mar
Corais criados
Imersos há muito
Estavam em mutação
Era a sua génese
A mudar



E na sequencia
A voz permanecia
Forte e possante
Apesar de algo rouca
Mas não queria
De forma alguma
Perante tudo o que via
Em algum momento
Deixar-se afundar



No frio árctico
Pedaço
De alguma parte
Acabou por congelar
Perdendo
Elos e conexões
De alguns motivos
Confortos e prazeres
Magias ilusórias
De outros dizeres



Mas na areia
Onde o cheiro a mar
Sugere um desejo quente
Viaja pelos meandros
Dos sabores inconfessáveis
Escapando deste tudo
Deixando-se invadir
Pelas fragrâncias
De sublimes imagens
Construídas em vagas
De inúmeros percursos
Feitos sempre
De silêncio mudo



Sabe que
Por dentro da casca
Existe
Um recheio de amor
Doce
Animal
Amargo
Brutal de sabor
Próprio de alguém
Que conhece o travo


O simples
Não combina
Com o atribulado

A serenidade
Não combina
Com ansiedade



Será que
Algo combina


Com o vazio espalhado ?