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terça-feira, 23 de junho de 2009

Chego aqui assim ...




Tal como
As gotas do vapor
Que pigmentam
A experimentação
E o levitar
Na dimensão livre
Do sonho fecundado
No que chamam de
Surrealismo
Com todas as suas
Misteriosas cores
Apelando à descoberta
De balões flutuadores
De correntes quebradas
E de outros
Escondidos sabores
Que no decorrer do degusto
Revelam montes alísios
E vales imensos
De profundas dores


Chego aqui assim
Neste ponto mudo
Questionando tudo
Numa travessia onde
Todos os significados
São a cada dia
De certa forma
Transformados
Numa dicotomia
De verbos
Palavras
Gestos
Gritos roucos
Amordaçados
Por imagens sucedidas
Gravadas nas encostas
De pensamentos
Criados por conexões
Neuronais
De intermitências fugidias


Chego aqui
Neste ponto onde
Sei que
Tudo o que existe
Jamais suplanta
A força
A permanência
Com que
O denominador comum
Tempo
Elemento
Neutro e saliente
Em cada coisa persiste
Insiste
E por vezes
No tropeço desiste


O que está aqui dito
Tem traços riscados
De desenhos infantis
Histórias registadas
Guardadas
Que ficaram para sempre
No regaço das memórias
Paisagens sonhadas
Divagações esquecidas
Paraísos tocados
Oásis traduzidos
Que na tal
Exigência de consciência
Algemas de aço
Da crua realidade
Se abafa e se mata
No escárnio contraditório
Desta necessária loucura


Talvez
No horizonte
Do olhar que alcança
A linha que marca
A vida e a morte
Do rei astro
Mutações
Nascente e poente
Transformações emergentes
Se avizinhem
Novas realidades
Nos aleatórios segmentos
Que nas sincronicidades
Se alinhem
Num ribeiro cujas cascatas
Inundem devagar
Pois
De nada mais me importa
No desafio deste contexto
De diversos significados
Que também pressinto


Atrás de cada palavra
Existe um caminho
Criado pela subtileza
Espora do instinto
Sabendo que

Tudo o que nasce

Um dia termina

Como uma gota de orvalho

Que no calor do dia

Se evapora


Deixando um qualquer Ser


Com sede



E também
Algo faminto …..