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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Doses Puras ...




Encontro
No odor perfumado
Da tua pele
Os motivos
Que me levam
A soltar as rédeas
Da minha loucura


Nesta vida
Por vezes sem nexo
É nos recantos
Do teu corpo
Que mergulho na fantasia
Perdendo assim
A noção plena
De qualquer razão


Na busca de algo
Na fuga da agrura
Refugio-me
Na tua textura
Aveludada e macia
Que de tudo me alivia


Necessito
Preciso


Doses puras de ti

Que me despertem
Que me levem


Para universos inebriantes


De Magia ….













terça-feira, 14 de julho de 2009

No Lastro Profundo ...







Num dado momento
Em que
Sentiu na sua pele
O arrepio do vento
Nada mais fez que
Parar
Algo surpreso
Na borda
Do seu caminho
Deixou-se estar


Sentiu que
No lastro profundo
Do seu mar
Corais criados
Imersos há muito
Estavam em mutação
Era a sua génese
A mudar



E na sequencia
A voz permanecia
Forte e possante
Apesar de algo rouca
Mas não queria
De forma alguma
Perante tudo o que via
Em algum momento
Deixar-se afundar



No frio árctico
Pedaço
De alguma parte
Acabou por congelar
Perdendo
Elos e conexões
De alguns motivos
Confortos e prazeres
Magias ilusórias
De outros dizeres



Mas na areia
Onde o cheiro a mar
Sugere um desejo quente
Viaja pelos meandros
Dos sabores inconfessáveis
Escapando deste tudo
Deixando-se invadir
Pelas fragrâncias
De sublimes imagens
Construídas em vagas
De inúmeros percursos
Feitos sempre
De silêncio mudo



Sabe que
Por dentro da casca
Existe
Um recheio de amor
Doce
Animal
Amargo
Brutal de sabor
Próprio de alguém
Que conhece o travo


O simples
Não combina
Com o atribulado

A serenidade
Não combina
Com ansiedade



Será que
Algo combina


Com o vazio espalhado ?



















domingo, 12 de julho de 2009

Jardins da Sua Alma ...







Nos vales que percorre
Encontra canteiros
Flores
De várias cores
Arbustos
Arvores e plantas
Brisas
De vários odores



Nos montes
Escarpados e frios
Por onde
Por vezes se perde
Encontra
Pedras cortantes
Formas angulares
Glaciares gélidos
Perfis planos
De congelados rios



Na sua
Natural imperfeição
É assim
Elemento inconformado
Com o formatado
E o comum
Deste tempo
Um Ser
Por vezes desconsertante
Que ainda
Se mantém na busca
Sedimentado
Em princípios e valores
Sustentação sua de alento



Mas
Nas incomensuráveis
Modelações
Que formatam
Que vestem de igual
A génese
Que vem construindo
Este mundo
Em cada momento
Não passa de insecto
Coisa micro
Que por vezes se revolta
Repelindo a passividade
Destruindo a calma



Porque neste ir e vir
Na pedra da calçada
Na espada
E no escudo
Que o protege e guarda
A rebeldia
Da sua liberdade
A ousadia do seu Ser
Oásis de prazer
Estão e existem
Nas deambulações
Nos canteiros e comunicações
Nos espaços e irrigações


Dos Jardins


Da



Sua Alma ….












quinta-feira, 9 de julho de 2009

Composto volátil ...











Na sequencia do traçado
Alimentado
Pelo composto volátil
Que circunda o meio
Gota a gota
Mata-se a sede
Com a agua
Contida num cantil
Pequeno e robusto
Que outrora
Esteve quase cheio


O relógio prossegue
Implacável
Impiedoso
E imperturbável
Descartando noites
E dias
Cremando horas
Fundindo minutos
Tal como
Numa siderurgia
Onde se extinguem
Micro
Infra pensamentos
Num mar de sonhos
Impossível de mergulhar
Pois a lucidez
Transforma-os
Em meros resquícios
Decimais



É tudo
Uma questão processual
Onde convivem
Factos e elementos
Que desde há muito
Se consideram
Comuns e normais
Silenciando aos poucos
Os cantares da alma
Esvaziando a cada sopro
A brisa do espírito
Num degrau lento
Onde a neblina instável
Provocada
Pelo ar quezilento
Não deixa ver mais



Procura-se o norte
Num ritmo onde
Se vive aquém
Do Nascente e Poente
Do ciclo da espiga
Que nasce no campo
Do verde do chão
Que humedece a mão
E do sentido único
Sagrado
Profundo e verdadeiro


Que jamais se encontra


Nas traduções

Nos significados

E nas direcções




Guiadas por estes



Pontos cardeais …










terça-feira, 7 de julho de 2009

A Coragem do Homem ...







Dizia um escritor
Numa entrevista dada
No auge da sua carreira literária
Algo que deixou o seu interlocutor
E muitos outros
Que não o conheciam
Chocados
Confusos e atónitos


Nessa entrevista
Ele disse :

Por vezes
Viver cansa …


Para aqueles
Que idolatram alguém
Esta é uma frase que
Defrauda e frustra
Expectativas
Perspectivas
E toda uma panóplia de
Imagens construtivas
Fantasiosas e inventivas
Que se vão criando nesses
Cuja capacidade de distanciamento
Dos que por esses são idolatrados
É totalmente vazia e nula


Por vezes
Viver cansa


É tradução de uma imagem
Do vai e vem do trem
Que todo o ser humano
Por vezes sente
No sobe e desce
Da sua passagem



Aceitar essa expressão
Como uma forma profunda
De acutilância e sensibilidade
Como também
De invulgar inteligência
É ter a abertura e discernimento
Para reconhecer para além
Da formatação do ídolo
A humanidade que
Todo o homem
E toda a mulher tem




Admiro o escritor
Admiro a coragem do homem
Que no auge da sua fama
Reconhece
O resultado da sua soma
E na substancia da plenitude
Salpicando-se da sua humanidade disse


Por vezes
Viver cansa


Longe de ser
Um apelo a qualquer acto
De contornos macabros ou suicidas
Ele refere-se
A um outro lado


Ao lado que fica
Entre a esquina e a curva
Entre o chão
E a fasquia do salto
Entre o calor seco e a chuva
E o momento certo
Que na persistência
Continuadamente se luta
E pacientemente se espera
Pela corda reluzente
Que nos leve
Merecidamente
Ao monte mais alto



É nesta confrontação
Entre o sorriso que nos afaga
E o brilho resistente
Que ao longo do caminho
Se torna intermitente
E por vezes se apaga



Que o homem de quem falo


Corajosamente disse



Por vezes

Viver Cansa …









domingo, 5 de julho de 2009

Está no genuíno ...







A musica diz
Que tudo
É um Milagre
Mas a verdade é que
Na dúvida
Das minhas decisões
Situo-me
Entre as sombras
E a miragem das luzes
Que iluminam o percurso
Da minha felicidade


A outra musica diz
Will you send me a Angel
E eu concordo
E também suplico e peço
Venha daí esse Anjo
Um Anjo premonitor
Que me possa dizer
Do meu destino
Qual a cor


Vivi o ontem
O hoje
E também esta noite
Numa dualidade
Como se fosse uma mania
Entre a justificada razão
A certeza da convicção
E a atormentada dúvida
De uma importante decisão
Que me invade o pensamento
Congela-me a alma
E fragmenta-me o espírito
Neste filamento de tempo
Que existe noite e dia


Existem
Coisas consideráveis
Factos concretos
Outros camuflados
Por envoltos abstractos
Que emergem mascarados
Cujas premonições
já traduziram tais fenómenos
Que se dizem inexplicáveis

Existe por estas paragens
Um ditado popular
Que diz que o travesseiro
Será sempre
Nosso melhor conselheiro
Nosso maior acusador
Amigo imparcial e verdadeiro



Seja o que for
O que eu preciso

Está no genuíno

Na realização
Que busco e procuro


Num presente e futuro



A que chamo



Meu destino ….


















quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pura Osmose ...







Não sei se será porque
Nasci num País tropical
E ali vivi
Uma feliz infância
Que em mim ficou
Como uma marca
Ou um
Influente sinal


Não sei se será porque
Existe em mim
Uma mescla de culturas
Um vai e vem
De constelações
De afinidades e interpretações
E tantas outras
Coincidentes misturas


Não sei se será porque
A linha do trópico
Gravou em mim
Algo simbiótico
Que na efervescência
Desta química
Que compõe o meu Ser
Projectou no meu olhar
Maravilhas sonhadas
Do utópico


Pois não sei não
Porque será que sou
Esmagadoramente
Visitado por vocês
Na generalidade do anonimato
Aqui chegam sempre
Diariamente
Na busca e na partilha
De qualquer coisa
Simplesmente


Gente culta
Gente livre e bonita
Que chega
Paulatinamente
Pois é verdade mesmo
Nesta já longa permanência
Nesta honrada confluência
Algo existe entre nós
Efectivamente


Nesta simbiose
Nesta cumplicidade
Plasticidade genuína
Da pura osmose

Em que sinto ser
Na alma

No moldar das palavras


No abrir das asas


Num sentido íntimo


Do meu ser



Um irmão
Muito próximo




De vocês ….