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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

No sal do Tempo ...


Hoje
Não era dia
Talvez
O meu outro lado
Estivesse mais aguçado
Num fluxo mais afinado
E captasse
Alguma outra energia


Ah esse
Meu outro lado
Por vezes
Queria tanto ignorá-lo
Esquecê-lo
Muitas vezes abafá-lo


Hoje
Não era mesmo dia
Nos meandros
Desta madrugada
Despertei
Com esse meu lado
Esmiuçando
A trança deste tempo
Separando
Cada fio untado de lamento
Mergulhando
Cada vez mais fundo
Procurando e pesquisando
Por jazigos de alento


Ah esse
Meu outro lado
Impossível silenciá-lo
Pois julgo que ele
Antes de ser meu
Já era
Um compulsivo
Interior viajante
Estou em crer
Que era também
Um caminhante errante
Que escutava sons
E embrulhava dons
Que inesperadamente chegavam
De um qualquer lugar
Algures vibrante


Hoje
Queria eu ser
Outra coisa qualquer
Talvez
Um pingo de água
Que cai com a chuva
Parecendo uma esfera
Que se esvai
E desaparece na terra


Ou então
Queria eu ser
Uma gota de água
Que faz nascer um rio
Num lugar árido e seco
Onde de dia é quente
Muito quente
E de noite faz frio
Tanto frio


Ah esse
Meu outro lado
Por vezes
Faz-me ver
Faz-me sentir
Brisas
Ventos
Furacões e vibrações
Sem eu ter nada pedido
Sem eu ter feito
Algum chamado


Hoje
Era um dia

Para eu ter ido
No sal do tempo
No sal do vento

Ter aligeirado fundo

Em algum


Ou em qualquer


Outro lado …