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domingo, 31 de janeiro de 2010

Há dias Assim ...







Se nas tempestades
Nas contradições
Nos reveses
No amargo acre
Onde existe a dor
E no vazio onde existe
A ausência de cor
Na consciência do real
Procuro assim
Talvez por uma brisa
Com um sabor especial
Talvez por uma paisagem
Que me faça acreditar
Talvez por uma curva qualquer
Que me deixe uma sensação
De bem estar



Porque do muito
E de tudo o que tenho
Tem dias
Que me perco de tudo
Que me abstenho
De qualquer sentido
De qualquer rumo

Por vezes pergunto-me
O que é isto
Mas não sei
Talvez seja um outro lado
Mais oculto de mim
Essa essência minha
Longínqua sem fim
Procurando por algo
Talvez por um sinal
Um sinal Especial
Quem sabe até
Como na sabedoria ancestral
Por entre os montes
Por entre as escarpas
Revelações por sinais de fumo



Eu sei
Eu sei que sim
Que o mar vai e vem
Que depois de um dia
Vem outro dia
Onde os jogos de luz
Têm uma tonalidade diferente
Onde as conexões
Do meu pensamento
São envolvidas
Por um abraço mais quente

Onde os meus passos
Acontecem
De modo mais consistente
Onde o meu olhar
Capta brilhos e cores
De uma forma que irá fazer
Este dia de hoje ser
Distante e inexistente




Mas há dias assim

Que me deixam assim


Que me largam por aqui


Neste estar assim





Só de corpo presente ….






quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Confluência Deliciosa ...







Sou sensível
Como a ignição
De um simples fusível
Sou imperceptível
Aos olhares do mundo exterior
Nesta energia que se cria
Na dimensão desta implosão




E sou invisível
No abismo desta perdição
Com que desfruto
Cada especial momento
Desta confluência deliciosa
Preenchida pelo aveludado
De tão singular
E tamanha beleza




Sou sensível a aquelas
Pequenas grandes coisas
Que compõem
A complexidade deste palco
Em que cada acto espontâneo
É provocadoramente divisível




Nesta substancia tendenciosa
Em que me entrego
Na fantasia destes elementos
Cuja linha que contorna e emoldura
É silenciosamente maliciosa
Resta-me então esta sensação
De desporto radical
Pára-quedismo
Queda livre
No espaço vazio total
Desta efervescente condição





Assim descontamino
A engrenagem do sistema
E a jusante alivio
A cota desta barragem
Com que deixo fluir
A rotina do dia a dia
Sabendo sempre que
Está para breve
O clímax vibrante
Com que se reveste
Cada pingo
Desta saborosa magia





Por vezes
Pareço regressar
À minha infância
Pois existem momentos
Em que quando estou só
Pareço brincar
Com os elos articulados
Dos meus pensamentos



Assim com eles
Construo veios
Caminhos e estradas
Imagens
Verdadeiras e imaginadas
Onde acontecem
As nossas mais loucas divagações
Viagens
Extra-dimensionadas





E com tudo isto


Tento fazer e cumprir


Seja qual for a escalada


Conquistar assim
Cada desejado espaço




Nesta viagem continuo
Insisto e persisto



E assim ... não desisto ….












domingo, 24 de janeiro de 2010

Dúvidas do Destino ...







Na dissipação do olhar
Que tenho vindo a presenciar
E que me ultrapassa
Há que continuar sempre
Sem parar
Tentando não dar
Demasiada importância
As oscilações menores
Que talvez não merecem
Nenhum esforço extra
Para seus motivos descortinar


Esta voz que escuto
Aqui dentro
Parecida com a minha
Que vem de algum lado
E que eu nunca soube
De onde vinha
E que desde sempre
Emergiu silenciosa
No meu pensamento
Tomando o som
Tornando-se sonora
No folhear de cada página
Desta coisa incerta
De que é feita
Cada minha descoberta




Regressa agora
Numa frequência diferente
Tal Espírito omnipresente
Que no deslizar dos dias
De certo modo me tranquiliza
Mesmo que na envolvência
Desta bruma
Cuja clareza é sua ausência
Que cobre os passos que dou
E que na tomada do pulso
Subtilmente tudo ajuíza



Não quero saber
Dos acasos
Não quero saber
Das probabilidades
Que geram os embriões
E que tecem as teias
Que cobrem os olhos
Deslocando
No tabuleiro das opções
Onde se lançam os dados
De todas as possibilidades



Não quero saber
Dos jogos do destino
Que gerem as confluências
Nem de ilusões
Que escondem necessidades
E lugares onde fervilham fragmentos
De um universo sensível
De incisivas carências



O que quero
Está na minha mão
Nos traços
Que desenham figuras
De premonições futuras
Inúmeras pegadas
Ainda por marcar
Montanhas íngremes por escalar
E algumas referencias
Que continuam ditando
As paisagens que vejo
A liberdade plena nas cores
O esplendor soberbo da natureza
O verde das plantas
As tonalidades do céu
E a infinita diversidade
Das mais belas flores



Tento assim preservar
Este mundo pequeno
Desenhado pela minha mão
De cada escolhida escolha
Tentando aproveitar o tempo
Deste ínfimo e volátil momento
Onde o presente se esfuma
Num futuro incógnito
Que se esconde por detrás
Deste manto fumegante
Preenchido
Pela humidade da bruma


Sinceramente
Há coisas que custam
Há coisas que parecem inofensivas
Mas que mexem com tudo
Com o sedimento depositado
Sacramentado
E construído no fundo


E perante isso
Hoje já não sei


Se as fronteiras
Que assumi e aceitei


Merecem realmente
Tudo o que dei


Mas os dados estão lançados


Observar e dar
Tempo ao tempo


Porque de momento



O que julgava
Inexpugnável e definitivo




Sinceramente



Hoje


Eu já não sei …













quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Absolutamente Frágeis ...







Não é hábito meu
Fazer deste espaço
O retrato
Dos acontecimentos
Que fazem o mundo


Mas ao longo desta semana
Perante mais uma
Devastadora tragédia
Somos como que avisados
Da nossa imensa vulnerabilidade
Que nos mostra aquilo
Que realmente somos
Seres complexos
Mas absolutamente frágeis
Que no virar de um segundo
Ficamos à mercê
Desse ajuste inesperado
E metabólico da natureza



Não vou falar
Da tragédia em si mesma
Pois ela nos assalta
E nos desola
Pelas imagens que nos chegam
Mas julgo que
Mais uma vez se reconhece
Que a relação entre
Um povo rico e um povo pobre
Até na fatalidade regista
A sua grande diferença



Meu Abraço
A esse imenso Brasil
País pelo qual tenho
Um carinho muito especial
Que no âmbito
Dos serviços da ONU
Perdeu 18 militares
Nesta tragédia natural
Brasil
País de gente bonita
Meu pensamento
Está também aí convosco


Resta-me dizer também
Que nesta vida
Somos pouco
Ou quase nada
E com esse reconhecimento
Devemos aprender
Que cada momento
É dádiva pura


É para valorizar com aqueles
Que fazem as páginas
Da nossa vida


É para saborear


É para enaltecer


É para


Guardar e Viver ….











sábado, 16 de janeiro de 2010

Lembras-te ?







Lembras-te?

Quando
Naquele dia
Me disseste
Que querias ver
Até onde ia
A minha ousadia
Desafio que me fizeste
No espaço daquela casa
Imensa e vazia


Lembras-te?

Quando
Me disseste que
Tudo na tua vida
Se transformou
Por causa
Da força e da magia
Oportunidade que acontecia
Na tarde daquele dia


Lembras-te?



Quando
Ao meu ouvido
Sussurraste baixinho
Que nunca
Jamais
Tinhas sentido
Nesse ritual
Dança rítmica e dual
Tamanha simbiose e sintonia


Pois
Talvez ainda te lembres


Do som que fazia
Aquele soalho de madeira
Que na incandescência mais viva
Braseiro do nosso fogo
Por vezes vergava e rangia


Talvez te lembres também



Daquela tarde
Naquela casa vazia
Onde tudo
Entre nós valia
E a água na janela
Persistia e batia
De tanto que chovia


Mas eu lembro-me
Como se fosse hoje
Daquele dia


Dia esse em que
Pude sentir e conhecer
O resultado da química
Da mistura dos elementos
Da decomposição
Criada pela combustão
De nossa alquimia


Lembras-te ?



Daquela casa vazia
Do cheiro a verniz
Das madeiras seculares
Polidas e tratadas
Em lenta restauração


Das paredes
Brancas e vazias
Dos pórticos fechados
Dos metais antigos
Arestas trabalhadas
Ainda luzidias




E a chuva constante
Persistia

Mas o sorriso
Nos teus lábios permanecia


Colaste-te ainda mais

E disseste-me



Que para Ti
O mais importante
Estava ali


E que o mundo lá fora




Para Ti


Não Existia …



















quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Recheio da Coincidência ...





Pergunto-me a mim mesmo
Se a estrela que me ilumina
Sabe realmente
Qual a dor das pedras
O cantar das folhas
E qual a dose certa
Da efervescência
Que desenvolve o ar
E a consequente
Explosão das bolhas


Pergunto-me
Tantas coisas
E muitas perguntas se perdem
Nos túneis
E nas vagas ocas
Muitas questões se espraiam
Na foz das razões
Que não são poucas
E tudo o que envolve
A protecção do núcleo
Tem o condão de serem
Incrustações de coroas
Laminadas de pétalas quentes
De uma realidade sempre
Em permanente combustão


Se os anos da minha
Saudável loucura
Fermentada numa vivencia
Inesquecível
Onde os sabores impregnados
Ainda coexistem
Na constelação das estrelas
Que iluminam o meu chão
Dando assim o tom certo
Da tonalidade inspirada
Momentos esses
Que fazem a melodia
De uma codificada extensão
Encriptada entre notas
Grito solene
Marca da minha canção



Olho em redor
E guardo
No meu pensamento
Cristais de quartzo
Que protegem as sementes
De um inquebrável sedimento
Porque na verdade
A escadaria que sobe
Que permite contemplar
O véu do horizonte
Numa fantasia imaculada
Sabe qual a tensão do fole
Que sustenta e desenvolve
A sabedoria
De uma intuição sagrada


Nesta galáxia complexa
Onde tudo acontece
E a sopa do acaso
Recheio da coincidência
Que exala e fumega
E que jamais arrefece
Desenlaço as cordas do espírito
Solto o bicho em mim
E alimento-me
Nos cantos e labirintos
Do teu corpo



Escuto ecos dos gemidos
Teus arrepios profundos
De evasão e prazer
Com que veneras o meu fogo
E invades de diabrura
Todo o meu ser
Nesta fuga que procuro
Nesta ânsia de sentido
De uma febre que necessito
Num grito surdo e mudo
Realidades e sonhos
Que na corda da vida
Eu tento tecer



Talvez sintas
A estranheza dos momentos
Em que por vezes me distancio
E viajo numa espécie de nave
Onde só existem duas coisas
A minha divagação
E a expressão silenciosa
Que em mim se desenvolve
Na captação dos sentidos
Nesta demanda
Que não posso conter



Não é meu propósito
Aqui neste contexto
Dizer algo que seja
Moldura do pretexto



O que aqui digo

É algo que está escrito

Nas pedras da calçada

No asfalto da estrada

Nas entre linhas


Nas algas do pensamento




E no sal
Do Nosso Texto …



sábado, 9 de janeiro de 2010

Espíritos em Sintonia ...







Após os votos declarados
Da mais importante
Quadra festiva
E de regresso à realidade
Observa-se no horizonte
Resquícios
Dessa tamanha hipocrisia
Onde se formam
Nuvens dispersas
Compostas
Por gotículas semi-ácidas
Resultado de liquidos evaporados
Lugares de hibernação
De genes resistentes e confusos
Impregnados de poeira corrosiva
Completamente desnorteados




Tento deslocar-me
Para a atmosfera
De um outro quadrante
Lugar silencioso e ermo
Onde possa
Ares mais puros respirar
E assim
Num outro horizonte
Sinais de esperança
E sedimentos de bonança
Certamente encontrar



No seguimento
Destas coordenadas
E no circulo desta rotação
Para além
Dos elementos que valorizo
Como sendo sagrados
E que em mim estão
No meu pensamento sempre
Vivos e guardados




Existe num outro segmento
O prazer único no desfrutar
Dessa tua beleza
Que no todo
Desta imensa compilação
Cria necessários refúgios
Labirintos de evasão
Construídos por magmas
Erupções em segredo
Vibrações sísmicas
Elemento mutante catalisador
No poder avassalador
Deste nosso
Destemido vulcão




Na bipolarização
Que invariavelmente contamina
A rotina implacável dos dias
E na consciência real
Da toxicidade dos resíduos
E dos factores alheios
Que tendem a ser seus guias
A criação desperta
E a constelação dos seus poderes
Deixa o universo
De todas as possibilidades
Totalmente alerta
Abrindo assim caminho
Na consumação dos desejos
Núcleo reactor dos teus beijos
Das linhas curvas e ondulantes
E do odor feminino fatal
Narcótico e genuíno
Desse teu corpo aveludado



Somos assim
Espíritos em sintonia
Filamentos corporais
No caldo quântico de energia



Guardo assim
Só para mim
Algo que
Na verdade desconheces


Esse conforto

Esse Bem indefinível

Que ainda não encontrei
Um apropriado nome



E que deriva
Única e simplesmente




Dessa Tua


Incomparável Magia ….