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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Todos os Anos




Todos os anos a mesma coisa, os mesmos rituais em manifestações de alegria,
o mesmo recitar de desejos para um novo ano neste lado privilegiado do mundo, onde existem luzes e sinais de imensa fartura, fogos de artifício de estonteante beleza, numa noite em que todos nós ao sabor da vertigem adocicada de vinhos e champanhes, cometemos os nossos pequenos ou grandes excessos, sintomas de prazer, talvez desejos de fuga, emoções escondidas ou vontades de simplesmente esquecer.

Nestes ciclos em que termina um ano, dando início a um outro, sou sempre invadido por múltiplos sentimentos que entre si se digladiam.

Se por um lado, coloco a esperança como semente para a fertilização de coisas melhores, por outro, é um sentimento claro de que o tempo na sua magnitude omnipresente não para, reduzindo o nosso tempo como caminhantes terrenos, reduzindo o tempo dos que mais amamos, subtraindo assim os dias em que com eles partilharemos todas as magias da vida.

Nesta conjunção de realidades, todas as passagens de ano são assim para mim, um misto de maior tomada de Consciência de tudo, entre a Esperança do que é a renovação traduzida em novos ciclos de vida, e a noção clara ditada pelo tempo, de tudo o que vamos perdendo.



Luis de Sousa em “ Reflexões “