
(...) Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes.
Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos;
acredita na integridade da água, do vento, das estrelas.
Eu acredito na continuidade das coisas que amamos,
acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara,
para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos,
para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa,
para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido.
Nisto eu acredito:
na veemência destas coisas sem princípio nem fim,
na verdade dos sentimentos nunca traídos.
Miguel Sousa Tavares, in 'Não Te Deixarei Morrer, David Crockett '
