Ainda sinto o sabor Da intensidade das palavras Ainda me perco na imensidão Daquelas encruzilhadas Audazes e cristalinas Criadas
Por vontades tão bravas
Ainda me lembro Do brilho dos dias Da música da lua De todas aquelas nuances Que perfumavam o ar E tornavam a linha do horizonte Numa emoção Meia despedida e nua
Guardo na gaveta dos meus sonhos Um pedaço de papel Que rescrevo com um lápis Palavras Frases Conexões invisíveis Como se fossem pingos de mel
Por vezes Neste mar conturbado Distancio-me de tudo Procuro por algo que não sei E sem saber encontro Aquele trilho esquecido Que na vertigem da febre Eu percorri e caminhei
São assim os ventos Que transportam as folhas Num Outono cinzento Onde jazem entre elas Pedaços soltos De criações imaginadas Nos labirintos profundos Dos meus pensamentos
São assim os sons O ranger insistente das texturas Os cânticos doridos da matéria Os silvos quase mudos Que assolam a minha Alma